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Editoriais
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Clima nas cidades
Nem tudo são más notícias na
seara da mudança do clima. No
mundo, o combate ao esperado
aquecimento global vai de retrocesso em retrocesso. No Brasil,
contudo, um passo acaba de ser
dado no quesito "adaptação".
Na linguagem da burocracia climatológica, que debate soluções
para o problema desde 1992,
"adaptação" se sobrepõe a "mitigação". Este último vocábulo se
refere ao objetivo de reduzir emissões de gases do efeito estufa, na
tentativa de diminuir (mitigar) o
aquecimento da atmosfera e algumas graves perturbações do clima
que dele adviriam.
Já o termo "adaptação" diz respeito às providências que os governos precisam adotar para evitar danos à população.
A boa nova é o relatório "Vulnerabilidade das Megacidades Brasileiras às Mudanças Climáticas:
Região Metropolitana, São Paulo". O estudo, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Unicamp, mapeou a provável duplicação da
mancha urbana até 2030 e identificou áreas com risco de enchentes e deslizamentos.
A Grande São Paulo já enfrenta
consequências de uma mudança
acentuada do clima, ainda que ela
se deva mais ao fenômeno "ilha
de calor" (elevação da temperatura por impermeabilização do solo)
do que ao efeito estufa. No centro
da cidade, os termômetros registram marcas 7C maiores que nas
regiões da periferia.
Até 1930, chuvas torrenciais,
com mais de 50 milímetros (ou 50
litros d'água por metro quadrado), ocorriam uma vez por ano.
Hoje são quatro aguaceiros desses
ao ano, em média.
Ao cruzar tais previsões com
áreas de provável aumento de
construções e declives, pesquisadores traçaram mapas valiosos.
Eles mostram que mais de 20% da
expansão poderá ocorrer sobre
áreas de risco -caso o poder público não tome providências.
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