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GUERRA LUCRATIVA
A invasão do Iraque revelou-se
uma boa ocasião para beneficiar amigos da Casa Branca. Reforça
as piores suspeitas a notícia de que a
auditoria internacional realizada pela empresa KPMG concluiu que houve "contrabando de desconhecidas
quantidades de petróleo durante os
primeiros meses" da ocupação.
Embora o exame não tenha encontrado evidências de fraude no modo
como o dinheiro obtido com a venda
de petróleo foi despendido pela coalizão liderada pelos EUA, o fato de as
autoridades norte-americanas terem
atrapalhado a investigação enseja as
mais graves desconfianças. Segundo
a KPMG, o ex-chefe da Autoridade
Provisória da Coalizão, Paul Bremer,
dificultou a obtenção de documentos sobre os montantes pagos à empresa Halliburton, que, não por acaso, foi comandada pelo vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, até
2000, quando deixou sua direção para concorrer na chapa de George W.
Bush. A Halliburton recebeu US$ 1,5
bilhão em contratos no Iraque.
A ação entre amigos, contudo, vai
muito mais longe. Segundo levantamento divulgado em novembro passado pelo conceituado Centro para a
Integridade Pública, de Washington,
entre mais de 70 empresas e indivíduos até então contemplados com
cerca de US$ 8 bilhões em contratos
no Iraque e no Afeganistão, figuravam alguns dos principais doadores
da campanha presidencial de Bush e
do Partido Republicano. O favorecimento é facilitado pela dispensa de
licitação. Alegando urgência, o Pentágono dispensa a concorrência que
seria exigida em situações normais e,
assim, está, em princípio, livre para
proceder como quiser à distribuição
de tarefas e de verbas.
Guerras são uma excelente oportunidade para transformar verbas públicas em lucros privados. O governo
Bush parece estar levando essa máxima ao paroxismo -e nisso não deixa de assemelhar-se aos sátrapas
contra os quais se bate.
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