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CARLOS HEITOR CONY
Além do desastre
RIO DE JANEIRO - À margem do
acidente de anteontem com o avião
da TAM, cujas causas seguirão a rotina de sempre e demorarão a serem esclarecidas, faço duas considerações de leigo na matéria, mas
usuário freqüente do transporte aéreo. Desde já estão abertas duas
vertentes que irão tumultuar a apuração do caso.
Culpa da Infraero e das autoridades da Aeronáutica que liberaram
uma pista cuja reforma está inacabada, imprópria para um dia de
chuva; ou culpa do piloto que fez a
aproximação em velocidade superior à recomendada e atingiu o solo
além do ponto indicado para o pouso, diminuindo consideravelmente
a extensão da pista.
Falha técnica (e criminosa) do
aeroporto ou falha humana do comandante? Acima de qualquer suspeita, pelo menos até agora, está o
aparelho, um Airbus tecnologicamente avançado, topo de linha para
pequenas e médias distâncias. Na
hora das reparações às famílias das
vítimas, o jogo do empurra entre a
Infraero e a TAM levará muitos e
muitos anos.
Também marginal à tragédia foi a
crueldade da companhia aérea que
retardou a divulgação da lista dos
passageiros, alegando que o regulamento prioriza a família das vítimas
e somente depois de comunicar aos
parentes ficaria liberada para anunciar a lista oficial.
Nos tíquetes dos bilhetes costuma haver um espaço para que o passageiro indique o nome e o telefone
de uma pessoa a ser avisada em caso
de necessidade. Na pressa do
check-in, são raros os que seguem a
instrução. Tampouco os funcionários na sala de embarque verificam
o cumprimento da medida.
Vi na TV as cenas no aeroporto de
Porto Alegre, o desespero de parentes em busca de notícias. A prevalecer o argumento, com o aviso a todos os responsáveis, a lista dos passageiros pode demorar anos.
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