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ELIANE CANTANHÊDE
Reabrindo feridas
BRASÍLIA - Os dois ou seja lá
quantos mil do movimento "Cansei", na sexta, não foram nada perto
do que Lula vai enfrentar nesta semana. A elite ele tira de letra. Talvez
até goste e faça cálculo favorável de
ganhos e perdas. Mas não há a possibilidade de ganho quando a questão é a ética, ou a falta de.
O pau come na economia, o presidente ainda vai se ver obrigado a suportar o Supremo futucando a
maior ferida do seu governo, o mensalão, que marcou a imagem do PT
e foi um marco não só para o governo Lula como para a esquerda no
poder. Causou dúvidas e desesperança, radicalizou ainda mais os radicais -até no próprio PT.
Nem por isso o governo aprendeu. Com mensalão e tudo, o PTB
de Roberto Jefferson mantém feudos no governo e acaba de nomear o
superintendente da Susep, que regula o bilionário setor de seguros
privados no país.
O noticiário deve ser ocupado por
dólar, Bolsas, risco-país, pelos novos lances do caso Renan e por um
desfile diário de José Dirceu e os 40,
quer dizer, 39 mensaleiros. Um ex-presidente da Câmara, um ex-presidente do PT, uns tantos ex-presidentes e ex-líderes de partidos da
base aliada. Deve doer.
A expectativa é que o julgamento,
calcado no relatório do procurador-geral Antônio Fernando, vá se estender desta para a próxima semana.
Quanto mais demorar, pior. Até
para os próprios ministros do Supremo, com sua longa tradição de
julgar bonito e absolver feio. Bonito
na forma, no discurso. Feio no conteúdo, no resultado.
Uns mensaleiros têm mais culpa,
outros menos, e não deve ficar tudo
por isso mesmo. Os juízes da mais
alta Corte terão imensa dificuldade
para absolver todos, lavar as mãos e
dormir em paz. Um julgamento
tenso e inesquecível.
Efeito crise aérea: o Orçamento
das Forças Armadas vai engordar
R$ 2 bi em 2008. Um "cala-boca".
elianec@uol.com.br
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