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BRASIL MENOS CARO
A privatização, que já foi anátema
no Brasil, passou à condição de necessidade inadiável e, agora, entra
numa fase em que se pode falar até
em rotina. Das manifestações e pontapés diante das Bolsas de Valores
onde se vendiam as estatais ao leilão
que privatizou um terminal de contêineres do porto de Santos formou-se um consenso, agregou-se
um grande tema ao cotidiano do
ajuste econômico.
Não há razões para o Estado administrar portos. É fato que os sistemas
de transportes surgiram em muitos
países a partir de investimentos públicos motivados por estratégias de
segurança nacional. Mas hoje os
meios de transporte devem atender a
imperativos de eficiência empresarial. É nesse contexto que a privatização se justifica e ganha respaldo.
No Brasil, a privatização da malha
de transportes não é uma questão
ideológica, mas prática. Trata-se de
uma condição para o aumento da eficiência. As rodovias estão sendo privatizadas, as ferrovias já o foram e os
portos, gradualmente, passam também à iniciativa privada.
O edital de privatização do terminal
de contêineres mostra bem o que está em jogo: espera-se que em dois
anos a nova administração reduza os
custos de movimentação de contêineres de R$ 500 para R$ 150 por unidade. O ajuste na área trabalhista será também intenso. Mas a redução de
postos no porto, ao aumentar a eficiência do sistema econômico, pode
contribuir para a criação de empregos em outros setores.
É evidente que a transformação do
sistema portuário vai muito além da
movimentação de cargas em terminais privados. Há dívidas por equacionar e o novo padrão de relações
trabalhistas continua em aberto. Mas
o consenso cada vez mais tranquilo
em favor da privatização é a melhor
garantia de que produzir no Brasil
será cada vez menos caro.
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