São Paulo, sexta, 19 de setembro de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BRASIL MENOS CARO

A privatização, que já foi anátema no Brasil, passou à condição de necessidade inadiável e, agora, entra numa fase em que se pode falar até em rotina. Das manifestações e pontapés diante das Bolsas de Valores onde se vendiam as estatais ao leilão que privatizou um terminal de contêineres do porto de Santos formou-se um consenso, agregou-se um grande tema ao cotidiano do ajuste econômico.
Não há razões para o Estado administrar portos. É fato que os sistemas de transportes surgiram em muitos países a partir de investimentos públicos motivados por estratégias de segurança nacional. Mas hoje os meios de transporte devem atender a imperativos de eficiência empresarial. É nesse contexto que a privatização se justifica e ganha respaldo.
No Brasil, a privatização da malha de transportes não é uma questão ideológica, mas prática. Trata-se de uma condição para o aumento da eficiência. As rodovias estão sendo privatizadas, as ferrovias já o foram e os portos, gradualmente, passam também à iniciativa privada.
O edital de privatização do terminal de contêineres mostra bem o que está em jogo: espera-se que em dois anos a nova administração reduza os custos de movimentação de contêineres de R$ 500 para R$ 150 por unidade. O ajuste na área trabalhista será também intenso. Mas a redução de postos no porto, ao aumentar a eficiência do sistema econômico, pode contribuir para a criação de empregos em outros setores.
É evidente que a transformação do sistema portuário vai muito além da movimentação de cargas em terminais privados. Há dívidas por equacionar e o novo padrão de relações trabalhistas continua em aberto. Mas o consenso cada vez mais tranquilo em favor da privatização é a melhor garantia de que produzir no Brasil será cada vez menos caro.





Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.