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ALÔ PARA A SEGURANÇA
O que fazer quando, em um orçamento público, praticamente inexiste
espaço para investimentos entre as
receitas não comprometidas?
O governo do Estado de São Paulo
acaba de exibir à população uma situação desse tipo. Apresenta um perfil de gastos com a segurança pública
estrangulado por um elevado comprometimento orçamentário com a
folha de pagamento dos policiais.
A saída proposta não é inovadora: a
criação de taxa a ser cobrada mensalmente dos proprietários de linhas telefônicas, fixas ou móveis. A criação
da CPMF para financiar a saúde pública seguiu roteiro semelhante.
Mais uma vez, o fim a que se destina a proposta -criar um fundo para
investimento na modernização do
equipamento policial- não deixa de
tocar em assunto premente: a preocupação com a segurança, o temor
da violência. Como informou esta
Folha, os homicídios têm peso significativo na redução da expectativa de
vida, especialmente na periferia da
capital, onde as chacinas entraram
na rotina dos fins-de-semana. Cidades do interior também assistem à
escalada dos assassinatos, muito
motivada pelo tráfico de drogas.
Não é banal, portanto, nem fora de
propósito o que se está propondo.
Seria muito bom que a Secretaria da
Segurança pudesse dispor de R$ 270
milhões anuais somente para investir
em equipamento policial e afins.
Mas a proposta parece questionável
juridicamente, pois estudiosos dizem que não se pode cobrar taxa para
um serviço essencial do Estado como
a segurança pública. Além disso, o
momento do país é de crise, e a carga
tributária é percebida como excessiva. Não causa surpresa, assim, que as
manifestações da opinião pública sejam de rejeição maciça à proposta.
Antes, portanto, de impor mais
contribuições à sociedade, o Estado
deveria ser mais convincente na demonstração de que procura tornar
racionais a gerência de recursos e a
administração do serviço de segurança pública, hoje um corpo de duas cabeças de eficácia duvidosa.
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