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FERNANDO RODRIGUES
As centrais e suas idéias
BRASÍLIA - As centrais sindicais
brasileiras enviaram uma carta a
Lula. Fazem sugestões para enfrentar a atual crise financeira internacional. O documento é útil por dois
motivos. Primeiro, para saber que
existem seis centrais sindicais no
Brasil. Segundo, por revelar o grau
de desconexão da realidade por
parte dos sindicalistas.
Para economizar papel e tinta, eis
apenas as siglas das centrais sindicais brasileiras: CGTB, CTB, CUT,
Força Sindical, NCST e UGT. A sopa de letras se robusteceu depois de
Lula aceitar repassar parte do imposto sindical a essas organizações.
Com dinheiro estatal, tudo fica
mais simples e fácil.
Mas não tão rápido. A crise financeira entrou em sua fase aguda no
início de setembro. Foram necessários mais de 60 dias para as seis centrais produzirem o seu "documento
unitário", como foi batizado, e enviá-lo a Lula.
O texto parece obra empoeirada
de alguém enroscado numa dobra
do tempo anterior à queda do Muro
de Berlim. Os sindicalistas falam
sobre a "imposição dos dogmas do
livre mercado" resultando em um
"ambiente propício ao ganho fácil e
à especulação das megacorporações multinacionais". O diagnóstico saiu na mesma semana em que o
Citigroup anunciou o corte de 52
mil empregos neste ano.
Entre as 18 propostas apresentadas pelos sindicalistas, ressurgem
as sombrias sugestões de "criar mecanismos de controle de fluxo de
capital externo e de controle de
câmbio" ou um "programa de substituição de importações para fortalecer o mercado interno".
A Grande Depressão da década
de 30 se aprofundou porque os países adotaram políticas contra o comércio internacional. Essa é a receita das centrais: o Brasil deve se
enclausurar e resolver as coisas sozinho. No longo prazo, o real seria
extinto, estaremos todos comendo
rapadura e fazendo escambo.
frodriguesbsb@uol.com.br
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