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CARLOS HEITOR CONY
O homem e a máquina
RIO DE JANEIRO - Nunca houve
tanto e tamanho otimismo como
agora, em relação à posse de Barack
Obama na Presidência da República do país mais poderoso do mundo. São muitos os motivos de esperança do povo americano, após os
oito anos do governo de George W.
Bush, talvez o mais desastrado da
história dos Estados Unidos. Neste
particular, qualquer coisa será lucro.
Como pessimista profissional,
que considera o otimismo como
consequência da má informação, fico pensando no velho dilema filosófico: é a história que faz o homem
ou é o homem que faz a história?
Acho que até hoje não se chegou a
uma conclusão.
Sem a Revolução Francesa haveria um Napoleão? Sem o Tratado de
Versalhes haveria um Hitler? Sem o
crack da Bolsa nova-iorquina, em
1929, haveria a Revolução de 30 no
Brasil? Napoleão, Hitler, Vargas foram produtos da história.
Ninguém discute as qualidades
de Obama, sua trajetória política,
seu carisma pessoal. Acontece que
ele comandará a nação mais forte
do mundo num momento em que
seus problemas internos e externos
parecem anunciar o início do fim de
um grande império: guerras e crise
econômica.
E eis a pergunta: Obama será
maior do que a máquina ou a máquina será maior do que ele? Outro
dia, vi um documentário sobre os
novos porta-aviões da Marinha
americana. Três deles têm o nome
de ex-presidentes: Harry S.Truman, Ronald Reagan e George H.
Bush, ainda vivo, pai do Bush que
está indo embora.
O comandante de um desses porta-aviões disse tranquilamente que
qualquer um dos três é capaz de
destruir qualquer cidade de qualquer país em qualquer parte do
mundo. Para isso, basta que um só
homem pronuncie a senha -e a
máquina entrará em funcionamento.
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