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MARCELO BERABA
O operador
RIO DE JANEIRO - Waldomiro Diniz, o ex-assessor do Gabinete Civil do governo do PT flagrado quando extorquia Carlinhos Cachoeira, era um
operador. É assim que os políticos
chamam os que operam nas sombras. Podem ter cargo público ou
não, mas falam e agem em nome de
um político. PC Farias era um operador.
Uma vez, conversando com um governador que jurava lisura e transparência, perguntei porque mantinha
determinada figura se contra ela pesavam fortes suspeitas de irregularidades. A resposta foi simples: "Ele é o meu melhor operador".
O caso de Waldomiro é interessante
porque, nos quase dois anos em que
esteve no Rio, ele serviu a três senhores da política local: ao PT, ao grupo
do então governador Garotinho e ao
PL da Igreja Universal.
Quadro técnico do PT na década de
90, ele foi nomeado em 99 representante do governo fluminense em Brasília por Garotinho na cota petista.
Seu entrosamento com o grupo foi rápido, a ponto de permanecer na representação mesmo depois do rompimento da aliança PT-PDT. Em 2001,
ele foi trazido para o Rio para presidir a Loterj. Nesse período, foi assinado o contrato com a Combralog, de
Carlinhos Cachoeira, para a exploração do jogo on-line. São desse período
ainda várias denúncias de irregularidades ligadas ao bingo e ao desvio de
verbas de publicidade da Loterj.
Na divisão de feudos do governo
Garotinho, a Loterj coube à Universal. Embora não pertencesse à igreja,
Diniz conhecia bem o Bispo Rodrigues, ontem destituído preventiva e
exemplarmente de todas as suas funções religiosas e políticas.
Quando assumiu o governo, em
2002, no lugar de Garotinho, Benedita da Silva manteve Diniz na Loterj.
É nesse período que acontece o episódio da extorsão gravado em vídeo.
Waldomiro serviu, portanto, ao PT
(do Rio e de Brasília), ao grupo de
Garotinho, agora no PMDB, e ao PL.
Isso significa o domínio da Assembléia Legislativa e a provável repetição da CPI do Propinoduto: as investigações se limitarão aos operadores.
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