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FERNANDO RODRIGUES
"Nada ficou provado"
BRASÍLIA - O Brasil é o país do "nada
ficou provado". Paulo Maluf saltitou
pela política por 40 anos até ser preso
por poucas semanas acusado de
constranger testemunhas, não porque tenha sido provada corrupção
por ele cometida.
Nos casos do "mensalão" e suspeitas de caixa dois também para tucanos, é quase a mesma coisa. Lula vai
melhorando sua popularidade. Aécio
Neves vai se reeleger governador de
Minas Gerais. E bola para a frente. O
paradigma mais atual é o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci.
Ele foi ao Congresso e mentiu. Apanhado na contradição, disse ter usado uma palavra sem se "apegar à
acepção estrita do termo". E daí? Daí
nada. PSDB e PFL emudeceram.
Ontem, surgiram mais indícios de
esquisitices paloccianas. O jornal
"Correio Braziliense" publicou dados
sobre o curioso Ademirson Ariovaldo, secretário particular do ministro
há 15 anos, e, segundo Palocci, alguém "extremamente humilde".
Pois de 2003 a 2005, o celular usado
por Ademirson recebeu mais de 30
mil chamadas. Quem falava com Palocci passava pelo secretário. Tudo
bem. Normalíssimo.
Ocorre que a turma toda de Ribeirão Preto, metida até o pescoço com
suspeitas de irregularidades, ligou
centenas de vezes para o manjado celular de Ademirson/Palocci.
Se o ministro se dizia afastado desse
pessoal, por que tantas conversas no
período em que passou a ser o titular
da Fazenda? Rogério Buratti, o mais
notório de todos, tem mais de cem telefonemas com Ademirson. Segundo
a reportagem do "Correio", foi "frenética" a troca de telefonemas no período de renovação do milionário
contrato da Caixa Econômica Federal com a empresa Gtech, que informatiza as loterias federais.
É mínima a chance de haver alguma conseqüência real para os indícios mostrados nos telefonemas de
Adermirson/Palocci. Nada ficou provado, vão dizer. É verdade. Aliás, nada foi nem será investigado.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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