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RUY CASTRO
O tamanho do problema
RIO DE JANEIRO - A bruxa das
drogas está voando baixo. Saiu ontem um primeiro laudo sobre a
morte do lutador Ryan Gracie, 33,
ocorrida em dezembro numa delegacia de São Paulo. Teria sido provocada pela combinação de maconha e cocaína, de que ele era dependente, com a bateria de remédios
"controlados" que lhe foi administrada na cadeia por um psiquiatra.
Nos EUA, também se divulgou
que o ator canadense Heath Ledger,
29, encontrado morto em seu apartamento de Nova York em janeiro,
foi vítima dos calmantes e soníferos
"controlados" que consumia em escala mamute. Na mesma semana
que Ledger, outro ator, o americano
Brad Renfro, 25, morreu em Los
Angeles por uma overdose de heroína. E, ainda em dezembro, em San
Diego, o roqueiro Ike Turner, que,
aos 76, nem tinha mais idade para
essas coisas, também se foi com
uma overdose, só que de cocaína.
Enquanto isso, as cantoras Britney Spears e Amy Winehouse competem para ver quem se desincompatibiliza primeiro com a vida. Com
crueldade típica, os internautas
promovem bolões tipo "Acerte a
data da morte" de Amy ou Britney,
e o noticiário já reduziu o calvário
tóxico das moças ao registro entediado de suas entradas e saídas a jato das clínicas de "recuperação".
Recuperação de fachada. Para ter
alguma chance de reabilitação real,
Spears e Winehouse precisariam
passar pelo menos um ano numa
clínica séria, longe dos produtos e
também de maridos, parentes, amigos e até do celular. E, ao fim dos 12
meses, com o organismo relativamente limpo -se os estragos não tiverem sido irreversíveis-, aí, sim,
começariam a se tratar.
Como se vê, os ricos, poderosos e
famosos também morrem de droga.
Some a eles uma legião de drogados
anônimos e desassistidos e começará a ter uma idéia do tamanho do
problema.
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