|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Não sobra um, meu irmão
BRASÍLIA - O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB),
foi cassado sob a acusação de distribuir 35 mil cheques nominais no
ano em que disputava a reeleição.
Seu sucessor, José Maranhão
(PMDB), responde a nada menos
que 8 processos, sendo que 2 são
por suspeita de compra de votos e
podem dar em nova cassação.
E o sucessor do sucessor no Senado, Roberto Cavalcanti (PRB), também está sendo processado por corrupção na Justiça Federal. É uma
teia sem fim.
Cunha Lima ainda tem duas
chances de recurso, uma à presidência do próprio TSE e outra ao
Supremo, mas Maranhão não perdeu tempo. Nem bem assumiu, já
deu uma canetada botando para fora uns mil funcionários herdados
do antecessor. Provavelmente, não
por moralização, mas por retaliação
-e para dividir a boquinha com a
sua própria turma.
Já Cavalcanti não é bobo nem nada: ganhou o mandato de senador e,
de brinde, o foro privilegiado. Entrou mudo para sair calado. Se sair.
A depender da tradição do Supremo, ele pode ir ficando tranquilo,
cumprindo o mandato que seria de
Maranhão, que agora cumpre o
mandato que seria de Cunha Lima,
que... está a ver navios, mas já pode
voltar a se candidatar.
Coitado do povo paraibano. Mas
a Paraíba não está isolada, muito
pelo contrário. Governador processado é o que não falta, e um deles está para ser encaçapado a qualquer
momento: Jackson Lago (PDT), do
Maranhão. Se cair, sobe Roseana
Sarney (PMDB).
Ou seja: o PMDB já tem o maior
número de governos, de prefeituras
e de cadeiras no Congresso, acaba
de ganhar as presidências da Câmara e do Senado e três comissões importantes na Câmara e deve ficar
com mais dois Estados: a Paraíba,
de Maranhão, e o Maranhão, de Roseana. Assim mesmo, complicado.
Mas o pior é que o partido não ganhou, mas está levando. E o eleitor
não tem para onde correr.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: Sobra algum? Próximo Texto: Rio de Janeiro - Fernando Gabeira: Cortar a própria carne Índice
|