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ELIANE CANTANHÊDE
Tão perto, tão longe
BRASÍLIA - Constatação de quem conhece a casa: os ministros que Lula
mais elogia são aqueles que não são
seus amigos e não têm nada a ver
com ele nem com a história direta do
PT, e os que ele mais critica são justamente os amigos desde criancinha,
que "cresceram" com ele e com o partido.
Exemplos dos que estão bem na foto de Lula são Luiz Furlan (Desenvolvimento), Roberto Rodrigues (Agricultura), Miro Teixeira (Comunicações), Ciro Gomes (Integração Nacional) e Celso Amorim (Itamaraty).
E dos que não estão tão bem assim,
dentro e fora do governo: José Graziano (Fome Zero), Benedita da Silva
(Assistência Social), Tarso Genro
(Conselho de Desenvolvimento), Olívio Dutra (Cidades) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência).
Em geral, uns falam pouco, o indispensável para mostrar serviço ao chefe e convencer a opinião pública de
que a coisa anda. E os outros falam
muito, o suficiente para mostrar que
têm ótimas idéias, mas que, até agora, nem souberam botá-las no papel
nem transformá-las em boas notícias
-quanto mais em boas ações.
Os dois homens-fortes continuam
fortes, e são eles José Dirceu (Casa Civil), pela política, e Antonio Palocci
Filho (Fazenda), pela economia.
Mesmo as mais duras críticas ao estilo trator de Dirceu não reduziram o
poder que Lula delega a ele. Mesmo a
mais genuína perplexidade com os
aumentos de juros, por exemplo, não
trincou a confiança do presidente em
Palocci e em sua ortodoxia.
Lula se mantém acima e além do
governo, como sempre esteve acima e
além do próprio partido. As críticas à
sua administração e à ação (ou inação) de ministros batem direto no governo, mas apenas resvalam no presidente, sem afetá-lo.
Enquanto continua "paz e amor"
com cidadãos anônimos e em entrevistas coletivas e manifestações públicas, Lulinha tem sido uma surpresa
como chefe da equipe: manda, dá
bronca, enquadra. Isso quer dizer
que o governo esteja azeitado e a administração a pleno vapor? Bem...
você decide!
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