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São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Tão perto, tão longe

BRASÍLIA - Constatação de quem conhece a casa: os ministros que Lula mais elogia são aqueles que não são seus amigos e não têm nada a ver com ele nem com a história direta do PT, e os que ele mais critica são justamente os amigos desde criancinha, que "cresceram" com ele e com o partido.
Exemplos dos que estão bem na foto de Lula são Luiz Furlan (Desenvolvimento), Roberto Rodrigues (Agricultura), Miro Teixeira (Comunicações), Ciro Gomes (Integração Nacional) e Celso Amorim (Itamaraty).
E dos que não estão tão bem assim, dentro e fora do governo: José Graziano (Fome Zero), Benedita da Silva (Assistência Social), Tarso Genro (Conselho de Desenvolvimento), Olívio Dutra (Cidades) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência).
Em geral, uns falam pouco, o indispensável para mostrar serviço ao chefe e convencer a opinião pública de que a coisa anda. E os outros falam muito, o suficiente para mostrar que têm ótimas idéias, mas que, até agora, nem souberam botá-las no papel nem transformá-las em boas notícias -quanto mais em boas ações.
Os dois homens-fortes continuam fortes, e são eles José Dirceu (Casa Civil), pela política, e Antonio Palocci Filho (Fazenda), pela economia. Mesmo as mais duras críticas ao estilo trator de Dirceu não reduziram o poder que Lula delega a ele. Mesmo a mais genuína perplexidade com os aumentos de juros, por exemplo, não trincou a confiança do presidente em Palocci e em sua ortodoxia.
Lula se mantém acima e além do governo, como sempre esteve acima e além do próprio partido. As críticas à sua administração e à ação (ou inação) de ministros batem direto no governo, mas apenas resvalam no presidente, sem afetá-lo.
Enquanto continua "paz e amor" com cidadãos anônimos e em entrevistas coletivas e manifestações públicas, Lulinha tem sido uma surpresa como chefe da equipe: manda, dá bronca, enquadra. Isso quer dizer que o governo esteja azeitado e a administração a pleno vapor? Bem... você decide!


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