|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
O ex-amigo
BRASÍLIA - É curiosa a relação de ex-amigo que o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) mantém com o
empresário Rogério Tadeu Buratti.
Palocci foi prefeito de Ribeirão Preto. Demitiu Buratti em 1994 por comportamento "inadequado". O então
secretário de governo passava informações confidenciais a empresários
que atuam na região.
O normal em casos assim é haver
um afastamento mútuo entre o que
se sentiu traído e o traidor.
Buratti seguiu sua vida depois de
ser expelido da Prefeitura de Ribeirão Preto. Virou uma potência. No
ano passado, disputou um contrato
que poderia render de R$ 6 milhões a
R$ 20 milhões, conforme o relato. Os
serviços de Buratti teriam sido oferecidos à multinacional GTech -eram
a condição para a GTech renovar um
contrato de loterias com a CEF (Caixa Econômica Federal).
A empresa que embolsaria esse numerário seria a BBS Consultores Associados, agora mundialmente conhecida por ter como sede a casa de
uma copeira.
Que tipo de empresário é Buratti?
Ele pensa alto. Soubemos todos que
uma empreiteira do grupo para o
qual trabalha, a Leão Ambiental, disputa contratos de até R$ 23 milhões
na Prefeitura de São Paulo.
Buratti também é nome comum em
rodas de Brasília. Freqüenta a cidade. É tido como um homem de negócios bem-sucedido.
Ao longo desses anos todos, de 1994
até hoje, Palocci diz não ter mantido
relação política ou profissional com
Buratti. OK. Mas a recíproca não foi
verdadeira. Há cinco anos, Buratti
ingressou no grupo Leão. Em 2000,
essa empresa doou R$ 150 mil dos R$
776 mil arrecadados oficialmente para a campanha da reeleição de Palocci a prefeito de Ribeirão.
Dinheiro em campanha, é claro, é
difícil recusar. Também não existe
nenhuma evidência de ilícitos cometidos. Mas, no mínimo, Buratti é um
tipo especial de ex-amigo.
Texto Anterior: São Paulo - Marcos Augusto Gonçalves: Esqueçam o que eu bebi Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: História universal do cinismo Índice
|