São Paulo, sábado, 20 de maio de 2006

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INCLUSÃO UNIVERSITÁRIA

A boa notícia é que, ao elaborar seu programa de inclusão de alunos carentes, a Universidade de São Paulo felizmente escapou da armadilha das cotas raciais. Em vez de optar por esse sistema equivocado, o Inclusp, como foi batizado, deverá criar mecanismos para que o corpo discente da universidade receba um número maior de alunos formados na rede pública.
A execução da nova política ainda depende de decisão do Conselho Universitário. Ao menos no papel, contém medidas que podem significar avanços na democratização da universidade e merecem ser testados. Esse é o caso de propostas como a que prevê o aumento de vagas de cursos noturnos, os quais permitem que alunos trabalhem enquanto fazem faculdades, a criação de bolsas para estudantes carentes e de um programa de tutoria acadêmica, no qual professores deverão orientar esses alunos.
O mesmo não pode ser dito de algumas outras medidas previstas que recaem flagrantemente no que se convencionou chamar eufemisticamente de "discriminação positiva". Exemplos disso são propostas como a que determina concessão de bônus de 3% nas notas da primeira e da segunda fase do vestibular e da introdução do sistema de avaliação seriada apenas para estudantes da rede pública, entre outras.
Alternativas como essa apenas buscam corrigir um erro -a desigualdade de condições entre alunos de baixa renda e os demais-, substituindo-o por outro. A necessidade de democratizar o ingresso na universidade é evidente. Prova disso é o fato de que 85% dos estudantes do ensino médio do Estado de São Paulo cursam a rede pública. Mesmo assim, eles representam menos de 30% do corpo discente da USP.
A correção dessa distorção é urgente. Em nenhum momento, porém, deve-se perder de vista que os processos de seleção devem eleger o mérito como critério de admissão e buscar os melhores alunos.


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