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INCLUSÃO UNIVERSITÁRIA
A boa notícia é que, ao elaborar seu programa de inclusão
de alunos carentes, a Universidade
de São Paulo felizmente escapou da
armadilha das cotas raciais. Em vez
de optar por esse sistema equivocado, o Inclusp, como foi batizado, deverá criar mecanismos para que o
corpo discente da universidade receba um número maior de alunos formados na rede pública.
A execução da nova política ainda
depende de decisão do Conselho
Universitário. Ao menos no papel,
contém medidas que podem significar avanços na democratização da
universidade e merecem ser testados. Esse é o caso de propostas como
a que prevê o aumento de vagas de
cursos noturnos, os quais permitem
que alunos trabalhem enquanto fazem faculdades, a criação de bolsas
para estudantes carentes e de um
programa de tutoria acadêmica, no
qual professores deverão orientar esses alunos.
O mesmo não pode ser dito de algumas outras medidas previstas que
recaem flagrantemente no que se
convencionou chamar eufemisticamente de "discriminação positiva".
Exemplos disso são propostas como
a que determina concessão de bônus
de 3% nas notas da primeira e da segunda fase do vestibular e da introdução do sistema de avaliação seriada apenas para estudantes da rede
pública, entre outras.
Alternativas como essa apenas buscam corrigir um erro -a desigualdade de condições entre alunos de
baixa renda e os demais-, substituindo-o por outro. A necessidade de
democratizar o ingresso na universidade é evidente. Prova disso é o fato
de que 85% dos estudantes do ensino médio do Estado de São Paulo
cursam a rede pública. Mesmo assim, eles representam menos de 30%
do corpo discente da USP.
A correção dessa distorção é urgente. Em nenhum momento, porém,
deve-se perder de vista que os processos de seleção devem eleger o mérito
como critério de admissão e buscar
os melhores alunos.
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