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Missão cumprida
O BRASIL já contribuiu para
a estabilização do Haiti e
cabe agora ao governo de
Luiz Inácio Lula da Silva negociar um cronograma para a retirada das tropas brasileiras.
A participação brasileira na
chefia militar da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), iniciada em
2004, após a deposição do então
presidente Jean Bertrand Aristide, já rendeu os frutos que poderia dar. Os boinas-azuis evitaram
que o país caribenho sucumbisse
à espiral de violência no vácuo de
poder e lograram pacificar áreas
conflagradas, como a favela Cité
Soleil, na capital.
As tropas também estão ajudando a constituir uma polícia
nacional e a reconstruir a infra-estrutura local. Nesse meio tempo, já foram eleitos um novo presidente e um novo Parlamento.
Não se trata de abandonar o
Haiti à própria sorte. A missão da
ONU precisa ser renovada por
mais alguns anos ainda ou as
conquistas poderão perder-se.
Já é hora, porém, de trocar o comando militar. As operações envolvendo soldados brasileiros no
Haiti já custaram ao erário R$
464 milhões, dos quais só 31% foram reembolsados pela ONU,
contra a previsão inicial de 50%.
A missão no Haiti deveria entrar numa nova fase, incentivando medidas que, mais tarde, permitirão que os haitianos caminhem com as próprias pernas. É
o caso da reforma do Poder Judiciário -estima-se que 96% dos
presos não tenham sido julgados- e das mudanças legais que
facilitariam investimentos de
haitianos da diáspora. O dinheiro mandado por emigrados que
vivem nos EUA e no Canadá já
representa 35% do PIB local,
mas essa cifra pode crescer caso
haja estabilidade jurídica.
Já é hora de o Brasil renovar o
sentido de urgência da missão,
negociando com a ONU e o governo do Haiti uma troca de comando na Minustah.
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