São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2008

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Missão cumprida

O BRASIL já contribuiu para a estabilização do Haiti e cabe agora ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva negociar um cronograma para a retirada das tropas brasileiras.
A participação brasileira na chefia militar da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), iniciada em 2004, após a deposição do então presidente Jean Bertrand Aristide, já rendeu os frutos que poderia dar. Os boinas-azuis evitaram que o país caribenho sucumbisse à espiral de violência no vácuo de poder e lograram pacificar áreas conflagradas, como a favela Cité Soleil, na capital.
As tropas também estão ajudando a constituir uma polícia nacional e a reconstruir a infra-estrutura local. Nesse meio tempo, já foram eleitos um novo presidente e um novo Parlamento.
Não se trata de abandonar o Haiti à própria sorte. A missão da ONU precisa ser renovada por mais alguns anos ainda ou as conquistas poderão perder-se. Já é hora, porém, de trocar o comando militar. As operações envolvendo soldados brasileiros no Haiti já custaram ao erário R$ 464 milhões, dos quais só 31% foram reembolsados pela ONU, contra a previsão inicial de 50%.
A missão no Haiti deveria entrar numa nova fase, incentivando medidas que, mais tarde, permitirão que os haitianos caminhem com as próprias pernas. É o caso da reforma do Poder Judiciário -estima-se que 96% dos presos não tenham sido julgados- e das mudanças legais que facilitariam investimentos de haitianos da diáspora. O dinheiro mandado por emigrados que vivem nos EUA e no Canadá já representa 35% do PIB local, mas essa cifra pode crescer caso haja estabilidade jurídica.
Já é hora de o Brasil renovar o sentido de urgência da missão, negociando com a ONU e o governo do Haiti uma troca de comando na Minustah.


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