São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELIANE CANTANHÊDE

Bolsa-Varig

BRASÍLIA - O Planalto decidiu que vai bancar pelo menos dois micos no caso de falência da Varig: as passagens compradas e as milhas adquiridas. E poderá bancar outros.
Quando a Encol quebrou, o governo FHC lavou as mãos, e cada um se virou como pôde. Agora, a ordem é segurar a onda do passageiro/eleitor, mas falta compatibilizar vontade política com disposições legais. Que lei ampara uma coisa assim, de o Estado honrar contratos de cidadãos vítimas de empresas privadas falidas? Ninguém sabe ao certo.
A avaliação é que a resposta tem de ser rápida, porque o cerco está se fechando: a consultoria Carlyle negou interesse em comprar a Varig; a BR Distribuidora ameaça cortar o combustível; a Infraero ameaça impedir o uso de aeroportos; a Boeing exige a devolução de cinco aeronaves; outra empresa quer sete turbinas. E vôos continuam sendo cancelados.
Do outro lado, há uma forte descrença quanto à proposta dos funcionários para adquirir a Varig operacional. Afinal, das cinco propostas esperadas para o leilão, quatro foram retiradas na última hora -e só restou justamente a dos interessados diretos, com dúvidas sobre o financiamento.
E a oferta da TAP é recebida, com ou sem razão, como mais uma forma de empurrar qualquer desfecho com a barriga. Presidida por um ex-presidente da própria Varig, a aérea portuguesa já fez isso antes.
No meio desse pesadelo -sobretudo para os funcionários, mas também para os usuários-, Dilma Roussef (Casa Civil) e Walfrido dos Mares Guia (Turismo) já descobriram que cometeram ao menos um erro: o manda-chuva da Agência Nacional de Aviação Civil, Milton Zuanazzi, é considerado o homem errado na hora errada. Sensação em Brasília: não há o que fazer, é cruzar os braços e esperar.

elianec@uol.com.br


Texto Anterior: Frankfurt - Clóvis Rossi: Não é pecado
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Cadê o azul?
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.