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ELIANE CANTANHÊDE
Bolsa-Varig
BRASÍLIA - O Planalto decidiu
que vai bancar pelo menos dois micos no caso de falência da Varig: as
passagens compradas e as milhas
adquiridas. E poderá bancar outros.
Quando a Encol quebrou, o governo FHC lavou as mãos, e cada
um se virou como pôde. Agora, a ordem é segurar a onda do passageiro/eleitor, mas falta compatibilizar
vontade política com disposições
legais. Que lei ampara uma coisa assim, de o Estado honrar contratos
de cidadãos vítimas de empresas
privadas falidas? Ninguém sabe ao
certo.
A avaliação é que a resposta tem
de ser rápida, porque o cerco está se
fechando: a consultoria Carlyle negou interesse em comprar a Varig; a
BR Distribuidora ameaça cortar o
combustível; a Infraero ameaça impedir o uso de aeroportos; a Boeing
exige a devolução de cinco aeronaves; outra empresa quer sete turbinas. E vôos continuam sendo cancelados.
Do outro lado, há uma forte descrença quanto à proposta dos funcionários para adquirir a Varig operacional. Afinal, das cinco propostas esperadas para o leilão, quatro
foram retiradas na última hora -e
só restou justamente a dos interessados diretos, com dúvidas sobre o
financiamento.
E a oferta da TAP é recebida, com
ou sem razão, como mais uma forma de empurrar qualquer desfecho
com a barriga. Presidida por um ex-presidente da própria Varig, a aérea
portuguesa já fez isso antes.
No meio desse pesadelo -sobretudo para os funcionários, mas
também para os usuários-, Dilma
Roussef (Casa Civil) e Walfrido dos
Mares Guia (Turismo) já descobriram que cometeram ao menos um
erro: o manda-chuva da Agência
Nacional de Aviação Civil, Milton
Zuanazzi, é considerado o homem
errado na hora errada. Sensação em
Brasília: não há o que fazer, é cruzar
os braços e esperar.
elianec@uol.com.br
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