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Editoriais
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O bingo dobra a aposta
O BINGO é uma espécie de
morto-vivo que ronda a
política brasileira. Às vezes, aparece também para a sociedade, legal ou ilegalmente,
mas sempre associado a correntes variadas de infratores.
Agora é a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara que
aprova projeto autorizando a
volta de bingos, videobingos e videoloterias.
O projeto faz jus à tradição do
lobby bingueiro de revestir suas
investidas com compensações à
sociedade. As leis que permitiram seu funcionamento, em
1993 e 1998, foram aprovadas
sob pretexto de incentivar o esporte e a atividade física.
Desta vez, a Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos) e o deputado federal Paulo Pereira da
Silva (PDT-SP) tentam justificar
a medica alegando seus benefícios ao Fisco. Prometem R$ 7 bilhões anuais em impostos, além
de royalties mensais: 15% da arrecadação para a saúde, 1% para
a cultura e 1% para o esporte.
Propõe-se ainda uma taxa de
R$ 20 mil, a ser paga todo mês
pelos estabelecimentos ao Ministério da Fazenda ou ao órgão
ao qual couber a fiscalização dos
bingos. À parte isso, os defensores da liberação da jogatina chegam ao ridículo de propor um cadastro nacional de viciados em
jogo, que seriam proibidos de entrar nos estabelecimentos.
A crônica político-policial dos
últimos anos dá fartos exemplos
de que a legalização dos bingos é
uma contradição nos próprios
termos. Apenas cria uma fachada
ideal para a ocultação de atividades ilícitas -da propina ao tráfico de drogas, passando pelos indefectíveis caixas dois de campanhas eleitorais.
Para virar lei, o projeto precisa
de aprovação da Comissão de
Constituição e Justiça e do plenário da Câmara, além das comissões e do colegiado do Senado, antes da sanção presidencial.
Há, pois, diversas instâncias para
tentar impedir que, uma vez
mais, a avidez dos operadores da
jogatina se sobreponha ao interesse público.
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