São Paulo, sábado, 20 de junho de 2009

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Editoriais

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O bingo dobra a aposta

O BINGO é uma espécie de morto-vivo que ronda a política brasileira. Às vezes, aparece também para a sociedade, legal ou ilegalmente, mas sempre associado a correntes variadas de infratores.
Agora é a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara que aprova projeto autorizando a volta de bingos, videobingos e videoloterias.
O projeto faz jus à tradição do lobby bingueiro de revestir suas investidas com compensações à sociedade. As leis que permitiram seu funcionamento, em 1993 e 1998, foram aprovadas sob pretexto de incentivar o esporte e a atividade física.
Desta vez, a Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos) e o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) tentam justificar a medica alegando seus benefícios ao Fisco. Prometem R$ 7 bilhões anuais em impostos, além de royalties mensais: 15% da arrecadação para a saúde, 1% para a cultura e 1% para o esporte.
Propõe-se ainda uma taxa de R$ 20 mil, a ser paga todo mês pelos estabelecimentos ao Ministério da Fazenda ou ao órgão ao qual couber a fiscalização dos bingos. À parte isso, os defensores da liberação da jogatina chegam ao ridículo de propor um cadastro nacional de viciados em jogo, que seriam proibidos de entrar nos estabelecimentos.
A crônica político-policial dos últimos anos dá fartos exemplos de que a legalização dos bingos é uma contradição nos próprios termos. Apenas cria uma fachada ideal para a ocultação de atividades ilícitas -da propina ao tráfico de drogas, passando pelos indefectíveis caixas dois de campanhas eleitorais.
Para virar lei, o projeto precisa de aprovação da Comissão de Constituição e Justiça e do plenário da Câmara, além das comissões e do colegiado do Senado, antes da sanção presidencial. Há, pois, diversas instâncias para tentar impedir que, uma vez mais, a avidez dos operadores da jogatina se sobreponha ao interesse público.


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