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Editoriais
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Aperto nos aviões
NA ÚLTIMA semana, a Anac
(Agência Nacional de
Aviação Civil) divulgou
um estudo sobre poltronas das
aeronaves, dados sobre o aumento do número de passageiros
transportados em voos domésticos e o índice de atrasos na aviação regular brasileira.
É reconfortante que a agência
esteja empenhada em criar um
selo de qualidade para o tamanho de poltrona. A prioridade,
contudo, deve estar voltada para
evitar a repetição do congestionamento logístico que provocou
o chamado apagão aéreo. A demanda pelos serviços, assim como os atrasos, está em alta.
Aumentou 3% o número de
passageiros transportados no
primeiro semestre deste ano em
relação ao mesmo período de
2008. O índice de atrasos superiores a 30 minutos voltou a subir em junho, atingindo 10% dos
voos, após cinco meses em queda, quando chegou a atingir seu
patamar mais baixo (7,1%) desde
que a Infraero iniciou a medição.
Após o acidente com o avião da
TAM em Congonhas, há dois
anos, o governo prometeu uma
série de mudanças. O aeroporto
paulistano deixaria de funcionar
como baldeação nacional. No fim
de 2007, a presidente da Anac,
Solange Vieira, chegou a dizer
que a meta da agência era zerar o
número de voos atrasados até julho de 2008. Pouco a pouco, os limites foram esticados.
A privatização de aeroportos, a
construção de uma terceira pista
e um terceiro terminal em Guarulhos, a instalação de um novo
aeroporto internacional na
Grande São Paulo. De tudo isso,
quase nada saiu do papel. Uma
tentativa de enxugar e moralizar
a Infraero só começou depois de
um ano e meio do início da crise.
O transporte aéreo no Brasil,
além de deficiente, é elitista. Entre os brasileiros com renda inferior a R$ 1.900 por mês -3/4 da
população-, apenas 4% já viajaram de avião. Sem a expansão rápida da infraestrutura aeroportuária, todas as "soluções" para o
esgotamento da oferta passarão
por restringir o acesso de pessoas de menor renda ao serviço.
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