São Paulo, segunda-feira, 20 de julho de 2009

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Editoriais

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Aperto nos aviões

NA ÚLTIMA semana, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) divulgou um estudo sobre poltronas das aeronaves, dados sobre o aumento do número de passageiros transportados em voos domésticos e o índice de atrasos na aviação regular brasileira.
É reconfortante que a agência esteja empenhada em criar um selo de qualidade para o tamanho de poltrona. A prioridade, contudo, deve estar voltada para evitar a repetição do congestionamento logístico que provocou o chamado apagão aéreo. A demanda pelos serviços, assim como os atrasos, está em alta.
Aumentou 3% o número de passageiros transportados no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2008. O índice de atrasos superiores a 30 minutos voltou a subir em junho, atingindo 10% dos voos, após cinco meses em queda, quando chegou a atingir seu patamar mais baixo (7,1%) desde que a Infraero iniciou a medição.
Após o acidente com o avião da TAM em Congonhas, há dois anos, o governo prometeu uma série de mudanças. O aeroporto paulistano deixaria de funcionar como baldeação nacional. No fim de 2007, a presidente da Anac, Solange Vieira, chegou a dizer que a meta da agência era zerar o número de voos atrasados até julho de 2008. Pouco a pouco, os limites foram esticados.
A privatização de aeroportos, a construção de uma terceira pista e um terceiro terminal em Guarulhos, a instalação de um novo aeroporto internacional na Grande São Paulo. De tudo isso, quase nada saiu do papel. Uma tentativa de enxugar e moralizar a Infraero só começou depois de um ano e meio do início da crise.
O transporte aéreo no Brasil, além de deficiente, é elitista. Entre os brasileiros com renda inferior a R$ 1.900 por mês -3/4 da população-, apenas 4% já viajaram de avião. Sem a expansão rápida da infraestrutura aeroportuária, todas as "soluções" para o esgotamento da oferta passarão por restringir o acesso de pessoas de menor renda ao serviço.


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