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VAGUINALDO MARINHEIRO
Doutrina Lula
SÃO PAULO - Presidentes norte-americanos ajudaram a moldar o
mundo em que vivemos hoje com o
que ficou conhecido como suas
doutrinas. No século 19, houve a
doutrina Monroe, contra o colonialismo na América. No 20, a doutrina
Truman, que definiu a Guerra Fria
e a disputa com os comunistas. Neste século, foi a vez da doutrina Bush.
Ela tratava da luta contra o terrorismo e dividia o mundo entre os
bons (as vítimas) e os maus (o eixo
do mal), que mereciam bombas.
Sua frase-síntese era: quem não está comigo está contra mim.
Agora, ouve-se por aqui, de forma
muito jocosa, sobre a "doutrina Lula". Não se trata de diretrizes de política externa, mas da forma adotada pelo presidente para garantir a
tal governabilidade e perpetuar os
seus no centro do poder.
Na doutrina Lula, tudo é um pouco embaralhado. O bem e o mal inexistem. Na verdade existem, mas
mudam de lado de acordo com as
conveniências. O demônio de 20
anos atrás (Collor) vira o companheiro de agora, com direito a abraços públicos e agradecimentos.
Ela não tem uma frase-síntese,
mas todo um raciocínio. É mais ou
menos assim: quem não está comigo, não está porque não quer. Se
quiser vir para o meu lado, estou de
braços abertos e pronto a oferecer
meu apoio e toda a minha popularidade numa disputa eleitoral. Ou
minha defesa, em caso de você ser
pego com a boca na botija.
A doutrina Bush teve um efeito
devastador para o presidente dos
EUA. Ele terminou o governo como
um pato manco, como definem os
americanos -com a popularidade
no chão e sendo evitado por candidatos que temiam perder voto caso
associassem seus nomes ao dele.
Já Lula, ao que tudo indica, terminará o mandato como um pato
supersônico: hiperpopular e desejado por todos os candidatos. É uma
pena que com tal cacife não reveja
essa sua doutrina e seja mais seletivo em suas relações.
vmarinheiro@uol.com.br
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