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Editoriais
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Risco de reincidir
A ECONOMIA mundial registra nas últimas semanas
sinais de recuperação,
ainda que lenta. Países cujo crescimento foi duramente afetado
desde o ano passado -como
França, Japão, Alemanha e mesmo Estados Unidos-, já exibem
indicadores que evidenciam saída da recessão ou, pelo menos,
menor retração da atividade
econômica.
Se já parece ser possível comemorar a recuperação embrionária, o mesmo não se pode afirmar
da prometida reforma nas finanças globais. Até pouco tempo, a
modificação radical das regras
sobre a atuação dos bancos nos
sistemas financeiros era alardeada como condição fundamental
para a retomada do crescimento
em bases sólidas.
No entanto, dez meses depois
da quebra do banco americano
Lehman Brothers, que desencadeou a derrocada vertiginosa, as
novas regras praticamente continuam em fase de discussões,
seja no plano internacional, seja
no ambiente doméstico dos países que concentraram as operações responsáveis pelo abalo sistêmico.
Enquanto isso, surgem indícios de que instituições financeiras retomam estratégias de investimento arriscadas -tais como especulação com taxas de
câmbio e empréstimos a clientes
de altíssimo risco-, prometendo
elevada rentabilidade. É como se
a memória do trauma recente já
estivesse apagada: foi justamente esse tipo de atuação que originou o colapso mundial e intensificou seus efeitos.
O movimento se segue às bilionárias operações de salvamento
e injeção de capital feitas pelos
governos de vários países para
impedir a quebradeira generalizada de bancos.
A ausência de regulamentação
ampla e eficaz para a atuação das
instituições financeiras é ainda
mais preocupante num contexto
de recuperação econômica. A
tentação de tomar o problema
por superado tende a crescer, repondo, nos subterrâneos da euforia, o risco de um novo colapso
semelhante mais à frente.
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