São Paulo, quinta-feira, 20 de agosto de 2009

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Editoriais

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Risco de reincidir

A ECONOMIA mundial registra nas últimas semanas sinais de recuperação, ainda que lenta. Países cujo crescimento foi duramente afetado desde o ano passado -como França, Japão, Alemanha e mesmo Estados Unidos-, já exibem indicadores que evidenciam saída da recessão ou, pelo menos, menor retração da atividade econômica.
Se já parece ser possível comemorar a recuperação embrionária, o mesmo não se pode afirmar da prometida reforma nas finanças globais. Até pouco tempo, a modificação radical das regras sobre a atuação dos bancos nos sistemas financeiros era alardeada como condição fundamental para a retomada do crescimento em bases sólidas.
No entanto, dez meses depois da quebra do banco americano Lehman Brothers, que desencadeou a derrocada vertiginosa, as novas regras praticamente continuam em fase de discussões, seja no plano internacional, seja no ambiente doméstico dos países que concentraram as operações responsáveis pelo abalo sistêmico.
Enquanto isso, surgem indícios de que instituições financeiras retomam estratégias de investimento arriscadas -tais como especulação com taxas de câmbio e empréstimos a clientes de altíssimo risco-, prometendo elevada rentabilidade. É como se a memória do trauma recente já estivesse apagada: foi justamente esse tipo de atuação que originou o colapso mundial e intensificou seus efeitos.
O movimento se segue às bilionárias operações de salvamento e injeção de capital feitas pelos governos de vários países para impedir a quebradeira generalizada de bancos.
A ausência de regulamentação ampla e eficaz para a atuação das instituições financeiras é ainda mais preocupante num contexto de recuperação econômica. A tentação de tomar o problema por superado tende a crescer, repondo, nos subterrâneos da euforia, o risco de um novo colapso semelhante mais à frente.


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