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CARLOS HEITOR CONY
Banco de dados
RIO DE JANEIRO - Não creio que seja apurada a responsabilidade pelo vazamento da CPI do Banestado. Na
melhor das hipóteses, surgirá um
funcionário do Congresso ou mesmo
um congressista já caído em desgraça
dentro de seu próprio partido -e teremos um bode expiatório que livrará a cara dos interessados em divulgar a lista dos que mandaram dinheiro para fora irregularmente.
Quando há um crime, pergunta-se
em primeiro lugar a quem o crime
poderia interessar. É o elementar em
qualquer investigação, policial ou
política. No caso do Banestado, suspeita-se que o principal interessado
seja o PT, e, por tabela, o próprio governo.
Verdade seja dita: nem sempre governo e PT são a mesma coisa. Lula
se elegeu e governa com o apoio de
um respeitável saco de gatos. Mas,
nas jogadas de longo alcance eleitoral, PT e governo se confundem. Reeleger Lula é prioridade máxima tanto do partido como do Planalto como
um todo.
A militância do PT sempre foi eficiente nesta busca de dados e informações. No caso do impedimento de
Collor, não fosse a competência daqueles que trouxeram cheques e contas bancárias para abastecer o Congresso e a mídia, certamente Collor
teria terminado o mandato em paz.
Esse foi o caso mais visível da eficiência dos quadros petistas em municiar as investigações que deixam
mal seus adversários eventuais ou
permanentes. Quem trabalhou na
mídia durante aquela crise bem sabe
de onde surgiam os dados que provavam a malignidade do esquema PC e
outras mumunhas que terminaram
com o afastamento de Collor.
Bem verdade que a militância não
tem a empolgação daquele tempo,
afinal, Lula chegou lá limpamente.
Mas, sempre que há oportunidade
para desclassificar adversários, o PT
recorre a seu banco de dados. Feito o
estrago, entrega um bode qualquer
ao sacrifício -geralmente nem isso.
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