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A Aneel nada fez
NÃO FALTA energia no Brasil -inclusive para burlar
o consumidor. Reportagem publicada anteontem nesta
Folha revelou que os brasileiros
pagam R$ 1 bilhão a mais por ano
de energia elétrica devido a um
erro de cálculo das tarifas aplicadas na conta de luz. Como a falha
acontece desde 2002, o prejuízo
já bateu na casa dos R$ 7 bilhões.
Com R$ 1 bilhão, é possível
construir uma usina com potência de 400 MW, o suficiente para
abastecer uma cidade com 20
mil residências ao longo de um
ano. O dinheiro, contudo, é indevidamente embolsado pelas 63
distribuidoras do país.
O problema acontece por conta de uma falha na metodologia
do reajuste tarifário. A Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica) permite que sejam repassados às distribuidoras mais
recursos do que seria necessário
para que as empresas quitem as
obrigações e os encargos mantidos com o setor público. A diferença entre o que as concessionárias recebem do consumidor e
o que gastam com esses encargos
se torna, indevidamente, lucro.
A Aneel conhece o problema
há dois anos, mas não tomou nenhuma medida para resolvê-lo. A
autarquia deveria não apenas zelar pela qualidade dos serviços
oferecidos pelas distribuidoras
como também exigir tarifas justas. Soa patética, para dizer o menos, a atitude de um ente regulador que, ao descobrir uma anomalia, decide ficar parado.
Se a Aneel apenas reincide na
irrelevância -vale lembrar a
inutilidade de sua atuação para
prevenir a mais séria crise de
abastecimento de energia do
Brasil, em 2001-, dos órgãos de
defesa do consumidor e do Ministério Público se espera outra
atitude. Como as distribuidoras
faturaram, por conta do desleixo
dos reguladores, mais do que seria justo, é preciso iniciar um debate para que devolvam, paulatinamente, esses recursos à sociedade brasileira.
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