|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
FERNANDO RODRIGUES
Fatores imponderáveis
BRASÍLIA - As novas pesquisas de
opinião nesta semana dirão se Dilma Rousseff (PT) de fato estancou
sua sangria de votos. Mesmo que a
petista se distancie um pouco de José Serra (PSDB), parece haver um
consenso entre os analistas dos
dois lados da disputa: esta será
uma eleição parelha.
Esse diagnóstico pode até estar
errado. Mas petistas e tucanos estão escaldados. Ninguém se arrisca
a fazer previsões arrojadas. Vários
fatores imponderáveis na atual
conjuntura impedem prognósticos
peremptórios e definitivos.
Para começar, esta é a disputa
presidencial mais sem emoção da
história do Brasil. Muitos eleitores
votam contra, e não a favor. A neutralidade do PV e o "voto crítico"
em Dilma recomendado pelo PSOL
são prova desse estado de criogenia
geral. O clima morno não favorece
uma avalanche de apoio apenas
para um dos lados.
Outro aspecto já citado pelos partidos é o fato de o segundo turno
cair no meio de um feriado prolongado. O Datafolha apurou que 52%
dos eleitores costumam viajar em
ocasiões assim. Não se sabe se por
civismo ou por constrangimento,
só 2% adiantaram ter a intenção de
viajar e não votar.
Ainda que o percentual dos viajantes seja pequeno, eles podem fazer a diferença numa eleição apertada. O senso comum indica José
Serra como o maior prejudicado,
pois seus eleitores são de estratos
sociais mais propensos a aproveitar
feriados para sair de casa.
Já Dilma sofre com o diminuto
número de eleitores que votam para governador no segundo turno: só
haverá esse tipo de disputa em nove localidades, envolvendo apenas
14% do eleitorado. Ou seja, a massa
de militantes pró-governo encontra-se desmobilizada.
Tudo junto e misturado, o cenário contém muitos elementos inescrutáveis. Exceto se algum fato imprevisível ocorrer, mesmo Dilma
sendo favorita, a sucessão tende a
ficar em suspenso até o dia 31.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Nosso projeto, minha história Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: A voz essencial Índice | Comunicar Erros
|