São Paulo, sábado, 20 de novembro de 2010

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Editoriais

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O Enem paulista

Não se restringem ao governo federal as falhas de gestão que impedem a aplicação de boas ideias na área educacional.
Enquanto ainda se discutem soluções para os problemas ocorridos na aplicação da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), exemplos de desorganização surgem no Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento do Estado de São Paulo). O teste, organizado pelo governo paulista, mede e compara o desempenho acadêmico de alunos da educação básica e do ensino médio.
Sua aplicação nesta semana, a exemplo do que já havia ocorrido no exame federal, foi marcada por gabaritos trocados, falta de provas e uso de celular por alunos.
A avaliação, concebida para permitir um diagnóstico preciso sobre os problemas das escolas públicas, deveria ser utilizada pelo Estado para traçar as políticas de melhoria do ensino.
O exame também fornece subsídios para uma política de estímulos meritocráticos ao trabalho dos docentes. Como se sabe, o governo paulista implantou um sistema de bônus financeiros distribuídos para os professores das escolas com melhor desempenho.
O acúmulo de problemas, ao colocar sob suspeita as notas obtidas pelos alunos, torna duvidosa qualquer medida que tenha por base o resultado do Saresp. Mas há ainda outro problema, bem mais grave: a Folha teve acesso a uma gravação, feita por celular, que mostra uma professora, sentada ao lado de um dos estudantes, a ajudá-lo na prova.
Há relatos ainda de docentes que aplicaram o exame às suas próprias turmas, o que é proibido, pelo fato óbvio de que o desempenho desses alunos é do interesse direto dos professores.
Ao que tudo indica, é muito frágil a vigilância de inspetores para impedir fraudes nos resultados. Manipulada por professores, a prova perde o sentido, impede a obtenção de diagnósticos precisos sobre a educação e a implementação de medidas eficazes para melhorar sua qualidade.
Compete ao governo paulista aplicar medidas drásticas de monitoramento nos próximos exames, se não deseja abandoná-los ao completo descrédito.


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