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Editoriais
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O Enem paulista
Não se restringem ao governo
federal as falhas de gestão que impedem a aplicação de boas ideias
na área educacional.
Enquanto ainda se discutem soluções para os problemas ocorridos na aplicação da prova do
Enem (Exame Nacional do Ensino
Médio), exemplos de desorganização surgem no Saresp (Sistema de
Avaliação de Rendimento do Estado de São Paulo). O teste, organizado pelo governo paulista, mede
e compara o desempenho acadêmico de alunos da educação básica e do ensino médio.
Sua aplicação nesta semana, a
exemplo do que já havia ocorrido
no exame federal, foi marcada por
gabaritos trocados, falta de provas
e uso de celular por alunos.
A avaliação, concebida para
permitir um diagnóstico preciso
sobre os problemas das escolas
públicas, deveria ser utilizada pelo Estado para traçar as políticas
de melhoria do ensino.
O exame também fornece subsídios para uma política de estímulos meritocráticos ao trabalho dos
docentes. Como se sabe, o governo paulista implantou um sistema
de bônus financeiros distribuídos
para os professores das escolas
com melhor desempenho.
O acúmulo de problemas, ao colocar sob suspeita as notas obtidas
pelos alunos, torna duvidosa
qualquer medida que tenha por
base o resultado do Saresp. Mas
há ainda outro problema, bem
mais grave: a Folha teve acesso a
uma gravação, feita por celular,
que mostra uma professora, sentada ao lado de um dos estudantes, a ajudá-lo na prova.
Há relatos ainda de docentes
que aplicaram o exame às suas
próprias turmas, o que é proibido,
pelo fato óbvio de que o desempenho desses alunos é do interesse
direto dos professores.
Ao que tudo indica, é muito frágil a vigilância de inspetores para
impedir fraudes nos resultados.
Manipulada por professores, a
prova perde o sentido, impede a
obtenção de diagnósticos precisos
sobre a educação e a implementação de medidas eficazes para melhorar sua qualidade.
Compete ao governo paulista
aplicar medidas drásticas de monitoramento nos próximos exames, se não deseja abandoná-los
ao completo descrédito.
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