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CRASH DO PETRÓLEO
Nem o ataque dos EUA ao Iraque
teve o condão de inflar um pouco os
preços do petróleo, que haviam sofrido queda recorde, ficando em torno dos US$ 10 o barril já há dias.
Alguns observadores já se referem a
um "crash" no mercado de petróleo.
É um fenômeno tão perigoso quanto
os que ocorrem em outros mercados
financeiros. E, também nesse caso,
as maiores vítimas podem ser as economias em desenvolvimento, algumas dependentes das exportações de
petróleo e outras matérias-primas.
Em tese, um cenário econômico de
redução global nas taxas de juros seria favorável a um aumento nos preços desses produtos. Quando se espera uma recuperação da economia,
o roteiro mais provável é um aquecimento da procura por matérias-primas, bens intermediários e energia.
Não é o que ocorre hoje. As reduções
nos juros têm mais o papel de evitar
uma paralisia nos circuitos de crédito e amortecer as tendências recessivas, mas não bastam para provocar a
retomada do crescimento.
Ao contrário, os prognósticos
apontam em sua maioria para um
crescimento menor da economia
global. Naqueles países em que o petróleo é decisivo, como Rússia, México ou Venezuela, além do Oriente
Médio, aumentam as incertezas econômicas, pois as receitas petrolíferas
alimentam tanto os cofres públicos
quanto as reservas cambiais.
Não se trata apenas de uma crise de
demanda. Seja porque houve avanços
tecnológicos, seja porque a Opep
fragmentou-se politicamente, ou
ainda porque houve substituição de
materiais e energia em muitos países, há excesso estrutural de oferta.
Já se temeu a escassez absoluta de
petróleo. No Brasil, investiu-se na
exploração de águas profundas e no
Proálcool. Num momento de contenção de gastos e ajuste produtivo, o
governo deveria não apenas repensar
esses programas como permitir que
a queda nos preços do petróleo seja
repassada aos usuários nacionais.
Mas o governo parece preferir continuar errando de dois lados: investindo na exploração cara e cobrando
demais pelo que ficou barato.
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