São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 1998

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O pretexto acabou

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - Fernando Henrique Cardoso não tem mais pretexto para fazer um ministério medíocre. Se não, vejamos.
Com a mesma liberdade com que encaixou onde quis os amigos tucanos José Serra, Paulo Renato e Sérgio Motta, FHC nem precisa consultar o PSDB para nomear o ministro do Desenvolvimento. O PSDB nunca fez ministério algum. Por que faria agora?
No PMDB, Antônio Britto fez Nelson Jobim na Justiça, Odacir Klein e Eliseu Padilha nos Transportes e Sérgio Cutolo na Caixa Econômica Federal. Com sua derrota no Rio Grande do Sul, é um fazedor a menos.
No PPB, Paulo Maluf perdeu a eleição e também os canais no governo. A vaga de Francisco Dornelles no ministério é outra história.
No PTB, José Eduardo Andrade Vieira está politicamente fora de combate, e Hélio Garcia não se sentiu nem sequer capaz de disputar a eleição em Minas. Não há quem pressione.
E o velho PFL de guerra? Bem, é aí que mora o perigo. Essa briguinha entre Antonio Carlos Magalhães e a turma de Jorge Bornhausen e Marco Maciel não chega a ser nova, mas pode resultar em mais vagas para o partido.
ACM quer manter Waldeck Ornélas na Previdência e nomear Paulo Souto para Minas e Energia, abrindo vaga para o suplente Rodolfo Tourinho no Senado. Aproveita para cacifar Zequinha Sarney para o Meio Ambiente, selando o apoio dos Sarney à sua reeleição à presidência do Senado.
Bornhausen e Maciel foram ontem a FHC defender o nome do senador eleito José Jorge (PE) para Ciência e Tecnologia e ratificar o pedido de uma vaga para o PFL do Paraná.
"O PFL não é mais um partido nordestino", disse Bornhausen a um velho amigo, alegando que para manter a unidade interna precisa de um ministério ou uma estatal para o Centro-Sul. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal estão na roda.
De quebra, os dois pefelistas raspam o tacho, acomodando o velho companheiro Guilherme Palmeira no TCU.
Quem mais pressiona é o PFL, mas a contrapressão dos demais é cada vez menor. FHC só não resiste se não quiser. Ou não souber.



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