São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 2007

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Prioridade: ótima educação

MUITO SE fala sobre a má qualidade do ensino. A preocupação procede. A Unesco publicou um relatório indicando que o Brasil está muito mal nesse campo. "Freqüentar a escola é importante, mas não o suficiente", diz o documento. "É preciso que as escolas ofereçam educação de qualidade, capaz de formar cidadãos autônomos com habilidades para trabalhar na sociedade do conhecimento. A qualidade é o coração da educação" (Relatório Unesco, 2005).
A educação tem sido a eterna prioridade que não sai dos programas dos governos. Não é com reuniões e assembleísmo que se vai resolver o problema. Na corrida do desenvolvimento, o Brasil está ficando para trás em relação a outros países, e isso se deve, em grande parte, à má educação.
É claro que a superação desse estado de coisas exige um número colossal de medidas em várias áreas. Entre elas, a melhoria dos professores e da própria escola é fundamental.
Em estudo realizado por Cláudio Moura Castro e Gustavo Ioschpe, com base num grande número de pesquisas ("Remunerações dos professores na América Latina: são baixas? Afetam a qualidade do ensino?", 2007), os autores concluem que mais importante do que a melhoria das condições econômicas do corpo docente é a melhoria de sua capacitação profissional e das condições das escolas onde atuam.
No que tange à capacitação, isso sugere melhorias urgentes nos cursos universitários destinados à formação de professores. Os números dos últimos anos mostram um desinteresse por tais cursos, e uma análise do seu conteúdo mostra currículos ultrapassados e inadequados para as necessidades atuais dos alunos e do mercado de trabalho.
No que tange à escola, há muito o que fazer para criar ambientes de trabalho agradáveis, liderados por bons diretores e apoiados por bons livros didáticos, salas de aula limpas e acolhedoras. No estudo indicado, Castro e Ioschpe sugerem ainda a introdução de técnicas pedagógicas mais atraentes, uma vez que os alunos passam a maior parte do tempo copiando o que o professor escreve no quadro negro. Nada estimulante, além de pouca utilidade.
Sistemas de avaliação do aluno e dos professores são fundamentais, o que implica flexibilização das gratificações para premiar os bons e punir os maus -coisas que saíram da agenda dos governantes depois do domínio dos sindicatos e das corporações de ofício.
Muitas dessas medidas não implicam grandes investimentos, e sim boa administração. Numa palavra: disciplina e modernização do trabalho são essenciais. O resto é demagogia.

antonio.ermirio@antonioermirio.com.br


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos domingos nesta coluna.


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