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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Prioridade: ótima educação
MUITO SE fala sobre a má
qualidade do ensino. A
preocupação procede. A
Unesco publicou um relatório indicando que o Brasil está muito mal
nesse campo. "Freqüentar a escola
é importante, mas não o suficiente", diz o documento. "É preciso
que as escolas ofereçam educação
de qualidade, capaz de formar cidadãos autônomos com habilidades
para trabalhar na sociedade do conhecimento. A qualidade é o coração da educação" (Relatório Unesco, 2005).
A educação tem sido a eterna
prioridade que não sai dos programas dos governos. Não é com reuniões e assembleísmo que se vai resolver o problema. Na corrida do
desenvolvimento, o Brasil está ficando para trás em relação a outros
países, e isso se deve, em grande
parte, à má educação.
É claro que a superação desse estado de coisas exige um número
colossal de medidas em várias
áreas. Entre elas, a melhoria dos
professores e da própria escola é
fundamental.
Em estudo realizado por Cláudio
Moura Castro e Gustavo Ioschpe,
com base num grande número de
pesquisas ("Remunerações dos
professores na América Latina: são
baixas? Afetam a qualidade do ensino?", 2007), os autores concluem
que mais importante do que a melhoria das condições econômicas
do corpo docente é a melhoria de
sua capacitação profissional e das
condições das escolas onde atuam.
No que tange à capacitação, isso
sugere melhorias urgentes nos cursos universitários destinados à formação de professores. Os números
dos últimos anos mostram um desinteresse por tais cursos, e uma
análise do seu conteúdo mostra
currículos ultrapassados e inadequados para as necessidades atuais
dos alunos e do mercado de trabalho.
No que tange à escola, há muito o
que fazer para criar ambientes de
trabalho agradáveis, liderados por
bons diretores e apoiados por bons
livros didáticos, salas de aula limpas e acolhedoras. No estudo indicado, Castro e Ioschpe sugerem ainda a introdução de técnicas pedagógicas mais atraentes, uma vez que os alunos passam a maior parte
do tempo copiando o que o professor escreve no quadro negro. Nada
estimulante, além de pouca utilidade.
Sistemas de avaliação do aluno e
dos professores são fundamentais,
o que implica flexibilização das
gratificações para premiar os bons
e punir os maus -coisas que saíram da agenda dos governantes depois do domínio dos sindicatos e
das corporações de ofício.
Muitas dessas medidas não implicam grandes investimentos, e
sim boa administração. Numa palavra: disciplina e modernização do
trabalho são essenciais. O resto é
demagogia.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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