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A guerra dos motoboys
A ANIMOSIDADE entre motoboys paulistanos e demais
usuários de vias públicas
cresce a cada dia. As vítimas
principais se acham entre os 150-200 mil profissionais do setor,
acima de 80% na informalidade:
ao menos uma morte ao dia.
A conduta temerária ao guidão, explicável ou não por más
condições de trabalho, produz
boa parte das fatalidades. Muitas
mortes seriam evitadas, porém,
caso esse convívio se tornasse
mais civilizado. A imprudência
de motoristas enraivecidos, afinal, também é notória.
A Prefeitura de São Paulo, mais
uma vez, tenta interferir nessa
disputa para regrá-la. Duas são
as propostas sobre a mesa: proibir a circulação de motos nas pistas expressas das marginais do
Tietê e do Pinheiros e reservar-lhes uma faixa exclusiva de trânsito em parte da 23 de Maio.
Houve 35 mortes de motociclistas, em 2006, só nessas vias.
Justifica-se inteiramente a
primeira idéia. As 653 mil motos
registradas continuarão a circular livremente na pista local das
marginais, onde o limite de velocidade e o índice de acidentes são
menores. Já destinar 20% da
área da 23 de Maio para meros
10% da frota paulistana de veículos, além de injusto, soará como
acinte aos motoristas encalacrados em congestionamentos nas
outras quatro faixas da avenida.
É imperioso disciplinar os motociclistas de São Paulo, mas não
se recomenda estigmatizar ainda
mais os que pilotam para ganhar
a vida. Uma boa iniciativa foi a
criação do Selo Transporte Seguro, conferido até agora a 41 empresas de motofrete que empregam 4.500 motoboys em observância de uma série de regras de
segurança e trabalhistas. Menos
de 2% das 2.500 empresas no setor aderiram. É pouco.
Outra medida útil seria proibir
a circulação de motos entre as
faixas de rolamento. Em estudo
pela Companhia de Engenharia
de Tráfego (CET) de São Paulo,
ainda não foi posta em prática.
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