São Paulo, segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

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A guerra dos motoboys

A ANIMOSIDADE entre motoboys paulistanos e demais usuários de vias públicas cresce a cada dia. As vítimas principais se acham entre os 150-200 mil profissionais do setor, acima de 80% na informalidade: ao menos uma morte ao dia.
A conduta temerária ao guidão, explicável ou não por más condições de trabalho, produz boa parte das fatalidades. Muitas mortes seriam evitadas, porém, caso esse convívio se tornasse mais civilizado. A imprudência de motoristas enraivecidos, afinal, também é notória.
A Prefeitura de São Paulo, mais uma vez, tenta interferir nessa disputa para regrá-la. Duas são as propostas sobre a mesa: proibir a circulação de motos nas pistas expressas das marginais do Tietê e do Pinheiros e reservar-lhes uma faixa exclusiva de trânsito em parte da 23 de Maio. Houve 35 mortes de motociclistas, em 2006, só nessas vias.
Justifica-se inteiramente a primeira idéia. As 653 mil motos registradas continuarão a circular livremente na pista local das marginais, onde o limite de velocidade e o índice de acidentes são menores. Já destinar 20% da área da 23 de Maio para meros 10% da frota paulistana de veículos, além de injusto, soará como acinte aos motoristas encalacrados em congestionamentos nas outras quatro faixas da avenida.
É imperioso disciplinar os motociclistas de São Paulo, mas não se recomenda estigmatizar ainda mais os que pilotam para ganhar a vida. Uma boa iniciativa foi a criação do Selo Transporte Seguro, conferido até agora a 41 empresas de motofrete que empregam 4.500 motoboys em observância de uma série de regras de segurança e trabalhistas. Menos de 2% das 2.500 empresas no setor aderiram. É pouco.
Outra medida útil seria proibir a circulação de motos entre as faixas de rolamento. Em estudo pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo, ainda não foi posta em prática.


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