São Paulo, terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

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MAIS PERTO

Como previsto , a gripe aviária chegou à Europa ocidental. Aves selvagens foram encontradas mortas em diversos países da região. Exames laboratoriais vão confirmando que foram infectadas pela cepa H5N1 do vírus da gripe. É uma questão de tempo até que a doença chegue às Américas e ao Brasil.
Embora o H5N1 tenha a capacidade de contaminar humanos, por ora ele só se transmite de forma eficaz entre aves, o que faz do atual surto um problema principalmente agropecuário. Na Ásia, milhões de frangos e patos morreram em virtude da moléstia ou tiveram de ser sacrificados para controle da epizootia.
Na Europa, criadores estão sendo obrigados a confinar seus rebanhos na tentativa de evitar o contágio por aves selvagens. O consumidor europeu já rejeita a carne de frango. O prejuízo é grande e não há muito o que se possa fazer para evitá-lo.
A situação pode ficar muito pior. Especialistas acreditam que o H5N1 possa sofrer mutação que o torne transmissível entre humanos. Nessa hipótese o problema deixaria de ser agropecuário para converter-se numa emergência sanitária.
A moléstia se espalharia entre pessoas ainda mais depressa do que entre aves. Se a mortalidade da nova versão do H5N1 entre humanos se mantiver na faixa dos 50% verificados nas quase duas centenas de casos já registrados, haveria um cenário sombrio. As estimativas mais alarmistas falam em 140 milhões de mortes. Quando um vírus como o da gripe rompe a barreira das espécies e consegue tornar-se facilmente transmissível de pessoa para pessoa, é muito difícil evitar uma pandemia.
Por ora, o que as autoridades sanitárias podem fazer é tentar conter a doença nos animais, de modo a reduzir as chances de que seres humanos sejam infectados pelo vírus aviário, o que daria ao microrganismo a oportunidade de trocar genes com o vírus humano, facilitando a tão temida mutação. Se ela ocorrer, um outro e muito mais complexo plano de contenção da doença terá de ser posto em marcha, em escala global.


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