São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2007

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Quatro anos de desventura

HÁ QUATRO anos, sob ordens do presidente George W. Bush, tropas norte-americanas invadiam o Iraque. Poucas vezes se viu uma intervenção militar tão desastrada.
Nenhuma das razões alegadas para a guerra se confirmou. As armas de destruição em massa, com as quais Saddam Hussein ameaçaria a região, não existiam. Tampouco era verdade que o ditador mantinha laços estreitos com a rede terrorista Al Qaeda.
A operação, que para a Casa Branca deveria inaugurar uma era de democracia e respeito aos direitos humanos no Iraque, acabou por lançar o país numa guerra sectária que já provocou dezenas de milhares de mortes.
Bush, ademais, esperava que a utilização do Exército norte-americano no Oriente Médio servisse para moderar grupos e países islâmicos radicais. Verificou-se, entretanto, que o Iraque se converteu num grande centro de treinamento de terroristas e que o fracasso dos EUA fortaleceu países como o Irã e a Síria e facções extremistas como Hizbollah e Hamas.
Para completar o malogro, os EUA se envolveram num tipo de conflito para o qual não parece haver saída. A essa altura é improvável que sua presença possa dissolver o confronto entre xiitas e sunitas. E uma retirada imediata poderia levar à fragmentação do Iraque, com imprevisíveis seqüelas geopolíticas.
A Bush restam poucas opções além de torcer para que nenhuma ação espetacular contra as tropas ocorra até janeiro de 2009 -quando entregará a encrenca a seu sucessor.
Já a oposição democrata emprega uma dura retórica antiguerra, mas não apresenta nenhuma saída para a enrascada. A criação de um Estado iraquiano xiita ligado ao Irã -um dos resultados possíveis da divisão do país- não está nos planos de republicanos nem de democratas.


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