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Quatro anos de desventura
HÁ QUATRO anos, sob ordens do presidente George W. Bush, tropas norte-americanas invadiam o Iraque.
Poucas vezes se viu uma intervenção militar tão desastrada.
Nenhuma das razões alegadas
para a guerra se confirmou. As
armas de destruição em massa,
com as quais Saddam Hussein
ameaçaria a região, não existiam.
Tampouco era verdade que o ditador mantinha laços estreitos
com a rede terrorista Al Qaeda.
A operação, que para a Casa
Branca deveria inaugurar uma
era de democracia e respeito aos
direitos humanos no Iraque, acabou por lançar o país numa guerra sectária que já provocou dezenas de milhares de mortes.
Bush, ademais, esperava que a
utilização do Exército norte-americano no Oriente Médio
servisse para moderar grupos e
países islâmicos radicais. Verificou-se, entretanto, que o Iraque
se converteu num grande centro
de treinamento de terroristas e
que o fracasso dos EUA fortaleceu países como o Irã e a Síria e
facções extremistas como Hizbollah e Hamas.
Para completar o malogro, os
EUA se envolveram num tipo de
conflito para o qual não parece
haver saída. A essa altura é improvável que sua presença possa
dissolver o confronto entre xiitas
e sunitas. E uma retirada imediata poderia levar à fragmentação
do Iraque, com imprevisíveis seqüelas geopolíticas.
A Bush restam poucas opções
além de torcer para que nenhuma ação espetacular contra as
tropas ocorra até janeiro de
2009 -quando entregará a encrenca a seu sucessor.
Já a oposição democrata emprega uma dura retórica antiguerra, mas não apresenta nenhuma saída para a enrascada. A
criação de um Estado iraquiano
xiita ligado ao Irã -um dos resultados possíveis da divisão do
país- não está nos planos de republicanos nem de democratas.
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