São Paulo, sábado, 21 de março de 2009

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Editoriais

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Segurança paulista

O PROCURADOR de Justiça e ex-policial militar Antonio Ferreira Pinto assumiu a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo. Ocupará o posto no lugar de Ronaldo Marzagão, que saiu desgastado após diversas crises nos últimos dois anos -os episódios incluem denúncias de corrupção envolvendo seu ex-secretário-adjunto e a prolongada greve na Polícia Civil do ano passado, que culminou num confronto lamentável entre grevistas e a PM.
O novo secretário estava no comando da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) desde maio de 2006, no governo anterior, quando assumiu em meio aos ataques da facção de delinquentes chamada de PCC. À frente da SAP, Ferreira Pinto conseguiu diminuir as rebeliões e as fugas nos presídios de maneira significativa.
O indicado pelo governador José Serra tem fama de linha dura. A experiência em administrar conflitos pode credenciá-lo a lidar com dificuldades crônicas na pasta: dar uma resposta eficiente sobre as acusações de corrupção e aumentar o controle sobre a corporação. Suas primeiras iniciativas, conforme declarou à Folha, incluem inteirar-se sobre a "crise que se instalou recentemente".
Um aspecto questionável de sua gestão na SAP, por outro lado, foi a relutância em prestar contas. Na sua administração, Ferreira Pinto proibiu a divulgação do número de presos nas unidades e de conflitos e mortes em cadeias. É difícil vislumbrar na publicação de dados tão genéricos quanto esses o risco -sempre alegado na defesa do sigilo- de que sirvam de instrumento para facilitar a atuação de bandos criminosos.
A estratégia do silêncio, vale lembrar, comumente se torna mero pretexto para esconder do público dados que revelem abusos e desvios cometidos dentro do sistema de segurança pública.


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