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FERNANDO RODRIGUES
Ponto de inflexão
BRASÍLIA - A oscilação negativa
de cinco pontos percentuais (de
70% para 65%) na popularidade de
Lula na pesquisa Datafolha é relevante. Pode marcar talvez o ponto
de inflexão do petista neste seu segundo mandato. Mas mais eficaz
para medir o humor do eleitorado
são as respostas sobre a atual situação econômica.
Em novembro, 49% dos brasileiros aprovavam a atuação de Lula no
combate aos efeitos da crise. Hoje, o
percentual caiu para 43%. A popularidade do presidente (65%) ainda
está oceânicos 22 pontos percentuais à frente. Manter essa diferença é o desafio do governo até a eleição do ano que vem.
A dificuldade de Lula para permanecer nas alturas está diretamente relacionada ao desempenho
da economia. Mais desemprego
equivalerá a menos paciência dos
eleitores. Também deve ser considerado o timing desse processo. A
tal teoria das curvas concêntricas
-como aquelas formadas pela pedra jogada no meio do lago.
Eleitores afluentes e com acesso
a informação já sabem o tamanho
do problema econômico mundial.
São a primeira curva formada pela
pedra no lago. A maioria dos brasileiros, na base da pirâmide social, só
sentirá todos os efeitos da desaceleração num momento posterior.
O cenário mais funesto para Lula
é a inflexão atual atingir o seu pico
daqui a um ano, quando estiverem
sendo formadas as alianças para a
eleição de outubro de 2010. O pior
da crise poderá ter passado, mas
muitos eleitores se pautarão pelos
danos sentidos em 2009.
É o efeito Bush-Clinton. No início da década de 90, George Bush, o
pai, tomou as medidas necessárias
para corrigir os rumos da economia
dos EUA. Na eleição de 1992, os
eleitores não sentiam ainda os efeitos positivos. Elegeram o oposicionista Bill Clinton. É tudo com que a
oposição brasileira sonha. E o pesadelo de Dilma Rousseff e do PT.
frodriguesbsb@uol.com.br
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