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Mirem-se no exemplo
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - O senador, duas vezes governador e duas vezes ministro Iris
Rezende (65) está no meio do furacão.
Derrotado por Marconi Perillo, político quase 30 anos mais jovem, convive com denúncias de nepotismo e de
promiscuidade entre sua campanha e
o dinheiro público.
Mesmo sendo de Goiás, Estado pouco conhecido no Rio e em São Paulo,
Iris Rezende está longe de ser um político insignificante. Pelo contrário.
Derrubou oligarquias consolidadas,
enfrentou a ditadura militar e é quase
uma lenda no Centro-Oeste. Já foi
lembrado para a Presidência da República mais de uma vez.
É por isso que ele merece uma boa
reflexão sobre os jovens destemidos e
bem-intencionados que entram na política para mudar o mundo e acabam
na mesma vala comum das derrotas,
suspeitas e denúncias. Repetem aquela história: "Eu sou você amanhã". E
com os mesmos vícios.
As primeiras eleições diretas para
governador desde 1965 foram em 1982,
ainda no regime militar, e consagraram dez nomes da oposição. Dali certamente sairiam candidatos a presidente. Quem sabe um presidente?
Fora Leonel Brizola (RJ), do PDT,
todos os demais eram do PMDB: Iris,
Tancredo Neves (MG), Franco Montoro (SP), José Richa (PR), Nabor Júnior
(AC), Gilberto Mestrinho (AM), Gerson Camata (ES), Wilson Barbosa
Martins (MS) e Jader Barbalho (PA).
Tancredo morreu sem tomar posse.
Brizola tentou a Presidência duas vezes, sem sucesso. Richa desencantou-se
com a política. Os outros estão por aí,
caindo em desuso, convivendo com
derrotas. Como Jader e Iris, vencidos
pela primeira vez em décadas.
Os eleitores estão reciclando seus
grandes líderes: alguns bateram no teto, outros combateram o mal e estão
agora sendo combatidos pelo bem.
Perderam o eixo. Estão perdendo os
votos. Vieram para desmontar a máquina. Acabaram engolidos por ela.
Que os novos governadores se mirem
no exemplo e cuidem da imagem. Reconhecer-se no espelho todo santo dia
faz bem ao próprio passado e à biografia. Mas não é o mais comum no
mundo deformador da política.
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