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FORA DA PRIVATIZAÇÃO
O presidente do BNDES, Francisco
Gros, afirmou a esta Folha que o financiamento à privatização deixou
de ser prioridade para o banco. A justificativa para essa mudança é que o
financiamento à compra de ativos já
existentes é menos importante em
um contexto no qual são grandes as
demandas por créditos dos diversos
setores produtivos da economia e são
limitados os recursos do banco.
Segundo Gros, o apoio às privatizações somente ocorrerá no caso de determinação expressa do governo e
para cumprir compromissos assumidos com algumas empresas estaduais de eletricidade e com a estatal
de saneamento básico de Manaus.
Tal mudança é bem-vinda. A concessão de empréstimos a juros baixos
para empresas privadas adquirirem
estatais é um desvio das funções originais do banco, que deveriam estar
ligadas ao apoio a novos investimentos e à reorganização produtiva.
Nesse sentido, é ainda mais importante a decisão de ampliar o financiamento às exportações. Em 1999, o
banco liberou US$ 2,1 bilhões. Para
2000, prevê-se a liberação de US$ 3
bilhões, valor que pode ser superado
caso haja maior demanda.
O banco também planeja financiar
pequenas e médias empresas, permitindo ampliar a base de firmas exportadoras e direcionar seu crédito para
a venda de produtos de maior valor
agregado. Registre-se que, na Itália,
empresas com até 14 empregados
são responsáveis por 64% das exportações. Nos EUA, firmas com até 19
empregados respondem por 54%
das vendas externas. No Brasil, empresas com até cem funcionários não
atingem nem 2% das exportações.
Deve-se ficar atento, entretanto, para a possibilidade de ocorrerem as
tais determinações expressas do governo. Afinal, o intenso comprometimento do BNDES com o financiamento das privatizações nos últimos
anos foi decorrência de uma determinação do governo. Vale lembrar que a
mudança de postura do BNDES já
chega um pouco tarde demais.
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