São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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FORA DA PRIVATIZAÇÃO

O presidente do BNDES, Francisco Gros, afirmou a esta Folha que o financiamento à privatização deixou de ser prioridade para o banco. A justificativa para essa mudança é que o financiamento à compra de ativos já existentes é menos importante em um contexto no qual são grandes as demandas por créditos dos diversos setores produtivos da economia e são limitados os recursos do banco.
Segundo Gros, o apoio às privatizações somente ocorrerá no caso de determinação expressa do governo e para cumprir compromissos assumidos com algumas empresas estaduais de eletricidade e com a estatal de saneamento básico de Manaus.
Tal mudança é bem-vinda. A concessão de empréstimos a juros baixos para empresas privadas adquirirem estatais é um desvio das funções originais do banco, que deveriam estar ligadas ao apoio a novos investimentos e à reorganização produtiva.
Nesse sentido, é ainda mais importante a decisão de ampliar o financiamento às exportações. Em 1999, o banco liberou US$ 2,1 bilhões. Para 2000, prevê-se a liberação de US$ 3 bilhões, valor que pode ser superado caso haja maior demanda.
O banco também planeja financiar pequenas e médias empresas, permitindo ampliar a base de firmas exportadoras e direcionar seu crédito para a venda de produtos de maior valor agregado. Registre-se que, na Itália, empresas com até 14 empregados são responsáveis por 64% das exportações. Nos EUA, firmas com até 19 empregados respondem por 54% das vendas externas. No Brasil, empresas com até cem funcionários não atingem nem 2% das exportações.
Deve-se ficar atento, entretanto, para a possibilidade de ocorrerem as tais determinações expressas do governo. Afinal, o intenso comprometimento do BNDES com o financiamento das privatizações nos últimos anos foi decorrência de uma determinação do governo. Vale lembrar que a mudança de postura do BNDES já chega um pouco tarde demais.



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