São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2000


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Sem líderes

MARCELO BERABA


Rio de Janeiro - Em meio a tantas comemorações centenárias, vão passando batidas duas datas recentes. São efemérides apenas fluminenses e que servem de pretexto para pensar um pouco sobre a nossa pobre história política e partidária.
Refiro-me aos 40 anos da mudança da capital federal para Brasília (21 de abril de 1960) e aos 25 anos da fusão dos antigos Estados do Rio e da Guanabara (15 de março de 1975). Duas datas que tiveram forte impacto sobre o ambiente político do Rio, com consequências ainda não totalmente percebidas.
Desde Carlos Lacerda o Rio não tem uma liderança de expressão nacional. Lacerda foi o grande político da transformação da cidade em Estado e começa a morrer com os militares, a partir de 64.
Chagas Freitas operou o amesquinhamento de uma vida política rica, polêmica, ideologizada. Reduziu a política a uma atividade paroquial.
Brizola foi acolhido pelo Estado a partir de 82 em uma demonstração de descontentamento com a situação política local e nacional. Cravou uma cunha no coração do chaguismo, criou raízes na cidade, ressuscitando o trabalhismo, mas foi aos poucos perdendo força eleitoral no resto do país.
Moreira Franco tinha pretensões nacionais. Acabou o governo de forma melancólica.
O governador Anthony Garotinho vive, neste momento, a ressaca de uma grande crise. Ainda não dá para saber o tamanho dos estragos no seu projeto político presidencial.
Virou senso comum que o Rio não consegue mais projetar lideranças. As razões não são claras. É possível que suas raízes estejam lá atrás, na mudança da capital e na fusão.
Há, neste momento, um surto de estudos sobre o Rio nos centros de pesquisas de história, de antropologia da política e de ciência política. É provável que de lá venham respostas.


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