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FUNDOS SETORIAIS
Inépcia administrativa, confusão conceitual e falta de visão estratégica são alguns dos males que
ameaçam enterrar uma das boas iniciativas do governo Fernando Henrique Cardoso na área de desenvolvimento tecnológico. Trata-se dos 13
fundos setoriais constituídos pela taxação de uma série de atividades (importação de tecnologia, concessões
de serviços públicos, extração de petróleo etc.) com a finalidade de desenvolver inovações em nichos específicos da economia brasileira.
A primeira e mais preocupante
ameaça parte da área do governo responsável pelo Orçamento da União.
A fim de tentar garantir a continuidade dos programas, a aplicação dos
diversos fundos setoriais foi vinculada, por lei. Mas a tradição que a política econômica petista herdou da
gestão passada e "aperfeiçoou" não
respeita vinculações. Tal como ocorreu com o Fundo de Universalização
dos Serviços de Telecomunicações,
parte do orçamento dos fundos setoriais deste ano foi "contingenciada".
Agora já se cogita, dentro do governo, retirar de vez a proteção contra
cortes de verbas dos fundos setoriais
no Orçamento de 2004. Seria frustrar
a expectativa de que os fundos setoriais tenham autonomia financeira, o
que é fundamental para todo programa de desenvolvimento tecnológico.
A segunda ameaça ao projeto dos
fundos setoriais provém do próprio
Ministério da Ciência e Tecnologia
do governo Lula. Por motivos obscuros, os ocupantes da pasta se dedicam a dinamitar o modelo de gestão
concebido para os fundos, que preconizava a participação do governo,
da comunidade científica e de representantes da indústria nas decisões
sobre como aplicar o dinheiro e que
entendia, na esteira das mais modernas políticas de incentivo, que o local
de desenvolvimento tecnológico a
ser privilegiado seria a empresa, e
não a universidade.
O Brasil corre o risco de regredir
décadas no terreno da ciência e tecnologia se o governo Lula não puser
um freio, imediato, à incúria que prevalece nesse setor outrora considerado "estratégico" pelos petistas.
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