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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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A VOLTA DO MST

As recentes ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que promoveu invasões num engenho, na sede de um banco e numa prefeitura, fazem prever um relacionamento difícil entre o governo e os militantes da organização, cujo histórico é de estreita proximidade com o PT.
São atitudes inadmissíveis no quadro da legalidade democrática. Não é de hoje que o MST procura desafiar a ordem com ações espetaculares, muitas vezes fadadas a desfechos violentos. Cultiva com isso -a pretexto de chamar a atenção para os problemas do campo- um clima de intolerância na área rural, que serve aos propósitos de uma liderança tão perseverante quanto anacrônica em suas fantasias "revolucionárias".
Ninguém pode negar que a estrutura fundiária brasileira continue a reproduzir distorções históricas e exija reformas. Num país com as dimensões do Brasil, muito pode ser feito para enfrentar a miséria de famílias rurais. Nesse sentido, são elogiáveis as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que é preciso dotar os assentamentos de condições efetivas para a produção, tais como infra-estrutura, crédito e orientação técnica. São conhecidos os casos de dispersão de trabalhadores assentados pela inexistência dos pré-requisitos para a fixação na terra mesmo no nível mais elementar da subsistência.
A vocação política do MST, porém, faz com que o movimento muitas vezes ignore os objetivos pelos quais estaria, em primeira instância, lutando. Em busca de repercussão e na tentativa de gerar radicalizações, os sem-terra acabam por perder o apoio de que já desfrutaram na sociedade.
Se o MST pretende criar embaraços para o novo governo, é de esperar que a resposta de Brasília seja clara. Não se pode tergiversar em questões como essa. Cabe ao poder público cumprir o que determina a lei, inclusive o dispositivo que proíbe a utilização de terras invadidas para fins de reforma agrária.


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