São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006 |
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CLÓVIS ROSSI Um épico da mediocridade SÃO PAULO- O fator PCC só não
foi um torpedo na linha de flutuação da candidatura Geraldo Alckmin porque, a rigor, esse barco jamais navegou de fato desde que
pré-lançado.
O fato é que a candidatura de
Alckmin obedeceu a um teorema
perfeito só na aparência, assim
construído:
1 - Todo governador de São Paulo
é presidenciável por definição.
2 - Um governador de São Paulo
bem avaliado é naturalmente ainda
mais presidenciável.
Acontece que Alckmin se tornou
governador por duplo acaso: o acaso de ter sido escolhido para vice de
Mario Covas e de Covas ter morrido
no exercício do mandato.
É verdade que ganhou a eleição
estadual de 2002, mas o fez como
beneficiário do duplo acaso mais do
que por cacife próprio.
E, se está bem avaliado, é porque
herdou o que Covas fez (herdou inclusive os defeitos, como a precária
política de segurança).
Não quer dizer que Alckmin não
tenha qualidades. Quer dizer apenas que não tem musculatura eleitoral suficiente. Nem tem carisma,
como um pouco tardiamente reconhece até o presidente de seu partido, o senador Tasso Jereissati. Carisma pode não ser essencial para
governar, mas é vital para ganhar
eleição.
Tem tudo, portanto, salvo imensa
surpresa, para ser a viúva Porcina
2006, a que foi sem nunca ter sido.
Do outro lado, tem-se a nova canção (política) de Chico Buarque:
Lula decepcionou, mas voto nele
mesmo assim, por falta de alternativa. Acrescente-se o detalhe de que
Lula é presidente de honra de um
partido que ele próprio disse estar
desmoralizado, além de ser o núcleo de uma "organização criminosa".
Pronto: o Brasil, um país medíocre, caminha para um épico da mediocridade em outubro.
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