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FERNANDO RODRIGUES
O tempo das mudanças
BRASÍLIA - O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva voltou a falar
em público sobre acabar com a reeleição e aumentar o mandato presidencial para cinco anos. Dentro do
Congresso, não há ainda clareza sobre o melhor momento para colocar o plano em prática.
Há duas possibilidades: 1) no segundo semestre deste ano ou
2) no segundo semestre do ano que vem,
logo depois das eleições municipais. "A emenda da reeleição foi
aprovada só no terceiro ano do
mandato de Fernando Henrique
Cardoso", lembra o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, especialista em Congresso.
FHC esperou a passagem das
eleições nas cidades em 1996 para
dar sinal verde a seus aliados dentro
do Congresso. Tudo ficou acertado
até dezembro daquele ano. No final
de janeiro de 1997, a Câmara aprovou a emenda da reeleição -com as
conhecidas fraudes.
Mesmo com a popularidade nos
cornos da Lua, FHC travou uma espécie de batalha sangrenta para
aprovar a emenda da reeleição. Foi
duro ganhar a parada, embora o
Plano Real permitisse à época que a
empregada do presidente da República passasse férias na Grécia.
Lula hoje desfruta de grande popularidade. O real está valorizado.
Muita gente está passeando no exterior. Ainda assim, não deve ser
uma tarefa das mais simples fazer a
alteração na Constituição.
Para começar, há uma completa
falta de consenso a respeito do tema entre os aliados lulistas dentro
do Congresso. Muitos gostam da
idéia de acabar com a reeleição.
Mas o mandato ficaria de quatro ou
de cinco anos? Ninguém sabe.
O já citado Michel Temer, por
exemplo, defende o fim da reeleição
com um mandato de seis anos
-"também para os outros cargos
no Legislativo", diz ele.
Tudo somado, a reeleição pode
até ser extinta. Só não se sabe como,
quando e a que preço para Lula.
frodriguesbsb@uol.com.br
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