|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VALDO CRUZ
Blindando a Petrobras
BRASÍLIA - Desde o governo
FHC, a Petrobras tem uma liberdade de atuação que, de um lado, incomoda os oposicionistas de turno e,
de outro, desperta a cobiça dos aliados do governo de plantão.
Aí está o cerne de toda a guerra
política deflagrada nos últimos dias
em torno da criação da CPI da Petrobras. Uma empresa milionária,
com contratos milionários, capaz
de distribuir favores milionários.
Talvez seja um reducionismo,
mas, em outras palavras, essa briga
poderia ser assim resumida: Quem
está do lado de fora quer acabar
com a farra de quem está dentro.
Alguns, por motivos nobres. Outros
nem tanto.
A liberdade de atuação que gera
tantas cobiças -ela pode fazer
compras sem licitação- tem procedência técnica. Uma companhia do
tamanho da Petrobras, com atuação internacional, precisa de liberdade para sobreviver e disputar
mercado com outras gigantes.
Só que essa liberdade tem um
preço a ser pago. Precisa ser acompanhada de uma gestão profissional
e de órgãos fiscalizadores, como a
ANP (Agência Nacional de Petróleo), fortes e atuantes.
Essa é a grande chiadeira da oposição. No governo Lula, as diretorias da empresa foram distribuídas
entre os partidos aliados. E a ANP
perdeu poder e também entrou na
partilha de cargos. Criando, assim,
ambiente propício para a geração
de negócios suspeitos.
O detalhe é que, no governo FHC,
coisa parecida também pode ter
acontecido. Se foi no período tucano que a empresa se profissionalizou, naquele tempo o PSDB mandou sozinho na estatal durante oito
anos. Difícil saber quem tem mais
direito de jogar pedra no outro.
Taí. Esse pode ser o grande mérito desse debate. Discutir um processo de blindagem da Petrobras, livrando-a do apetite político. Será
que os dois lados estariam dispostos a ir tão longe assim?
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O óbvio e a indigência Próximo Texto: Rio de Janeiro - Plínio Fraga: Dilma e o estresse pós-traumático Índice
|