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Política melhor
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu que os políticos condenados por crimes graves em julgamentos colegiados -que envolvem mais de um juiz- antes da
sanção da lei Ficha Limpa também estão inelegíveis. A nova lei,
portanto, não vale apenas para
aqueles que forem condenados a
partir do último dia 7 de junho.
Ao justificar seu voto, o relator
do caso, ministro Arnaldo Versiani, abordou a questão espinhosa
da conciliação entre o princípio da
presunção da inocência e a ideia
de que uma pessoa possa ser privada de seus direitos políticos
mesmo sem ter sido condenada
em última instância. "Quando se
trata de inelegibilidade, ninguém
está sendo considerado culpado
do que quer que seja", ele disse.
Este é, sem dúvida, um ponto
muito controverso. Para reforçar
sua tese, o relator lembrou que
certas categorias da sociedade,
como os juízes, não são elegíveis.
O assunto irá fatalmente desembocar no STF, onde receberá exame definitivo para efeitos legais.
Parece difícil, ainda, vislumbrar quais serão as consequências
práticas da nova lei. Não se deve
esperar, obviamente, que a Ficha
Limpa, por si só, seja capaz de corrigir problemas e insuficiências da
nossa representação política. É
até mais prudente e razoável supor que seu alcance será restrito.
Isso, no entanto, não diminui
em nada os esforços salutares de
mobilização da sociedade. Pelo
contrário, o fato de que a Ficha
Limpa tenha chegado até o Congresso pelo mecanismo constitucional da iniciativa popular, com
mais de 1,6 milhão de assinaturas,
constitui talvez o aspecto mais relevante para nossa democracia.
É visível na sociedade a demanda crescente por uma representação política mais qualificada, moral e intelectualmente. Não se trata de defender teses elitistas. Trata-se, antes, de reagir ao vale tudo,
ao ambiente rebaixado que se generalizou no Legislativo do país.
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