São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2010

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CLAUDIA ANTUNES

Desafio do pós-Uribe

RIO DE JANEIRO - As advertências para o risco do expansionismo chavista sempre tiveram duas fraquezas: superestimar a influência de Hugo Chávez, sujeita às oscilações do mercado petrolífero, e subestimar a autonomia dos processos políticos, inclusive em países como Equador e Bolívia.
O alarmismo serviu à direita para tentar legitimar como apenas defensivas as iniciativas regionais do colombiano Álvaro Uribe -quando ele, como Chávez, muitas vezes adotou a estratégia de apontar o inimigo externo para maximizar sua popularidade doméstica.
Na própria Colômbia, no entanto, a maioria dos analistas evitou sucumbir à simplificação de tratar Uribe como vítima de apoiadores da subversão. Tanto que, na disputa eleitoral encerrada ontem, os candidatos foram instados a apontar caminhos para melhorar as relações com os vizinhos.
A cobrança tem três premissas: a colaboração é necessária para ajudar a conter a narcoguerrilha, empurrada para as fronteiras; ela não será obtida de modo impositivo; a economia colombiana precisa da região, sobretudo devido ao atraso dos EUA em ratificar o tratado de livre comércio bilateral.
Diante desses argumentos, é relevante o fato de Juan Manuel Santos, provável eleito, ter admitido compartilhar com o equatoriano Rafael Correa o conteúdo do computador de Raúl Reyes, apreendido no ataque ao acampamento das Farc no Equador, em 2008.
Ex-ministro da Defesa de Uribe, Santos foi o arquiteto da operação. Ambos usaram os dados, nunca publicados na íntegra, para acusar tanto Correa quanto Chávez.
O Equador já reforçou sua fronteira contra incursões paramilitares colombianas e restabeleceu a comissão militar conjunta. Pede acesso aos arquivos como gesto de confiança, que considera ter sido violada no ataque, a fim de normalizar as relações diplomáticas.


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