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FERNANDO RODRIGUES
O tempo de Serra
BRASÍLIA - Começou ontem o horário eleitoral gratuito no rádio e na
TV. Cada um dos presidenciáveis
tem um tempo próprio para atingir
os seus objetivos. A situação mais
dramática é a de José Serra.
Depois de passar alguns meses dizendo que o tucano deslancharia
quando começassem as propagandas, agora a cúpula do PSDB apresenta uma nova argumentação. A
reação pode vir já ou apenas no final
da campanha.
O raciocínio é que a audiência da
propaganda na TV tem dois picos: na
primeira e na última semana. Por essa lógica, não haveria problemas se
Serra ficasse estacionado nas pesquisas. Poderia reagir no final.
Para azar dos tucanos, não é bem
assim que acontece na vida real. Já
está instalado um clima de forte desânimo na campanha presidencial
de Serra. Se ele não reagir nos próximos dez dias, deve acentuar-se o clima de "barata-voa", como se costuma dizer quando há debandada política. As dissidências aumentarão. O
apoio nos Estados minguará ainda
mais. Ficará quase inexequível deslanchar apenas na reta final.
No campo adversário, deve ocorrer
o inverso. Com Serra estacionado,
haverá injeção de ânimo na campanha de Ciro Gomes. Em resumo, o revés de um (Serra) será o sucesso do
outro (Ciro) e vice-versa.
Na opinião das cúpulas de Ciro e de
Lula, entretanto, é dado como natural que a propaganda de TV poderá,
no mínimo, estancar a desidratação
contínua de Serra. O publicitário Duda Mendonça, o guru de Lula, acha
natural que o tucano suba para a casa dos 15% a 16%.
Todas essas dúvidas só serão dirimidas com as primeiras pesquisas do
mês de setembro. Será o momento em
que o efeito inicial da propaganda já
estará decantado entre os eleitores.
Será também a hora em que poderemos saber se Serra terá ou não chances de ir para o segundo turno.
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