São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

O tempo de Serra

BRASÍLIA - Começou ontem o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. Cada um dos presidenciáveis tem um tempo próprio para atingir os seus objetivos. A situação mais dramática é a de José Serra.
Depois de passar alguns meses dizendo que o tucano deslancharia quando começassem as propagandas, agora a cúpula do PSDB apresenta uma nova argumentação. A reação pode vir já ou apenas no final da campanha.
O raciocínio é que a audiência da propaganda na TV tem dois picos: na primeira e na última semana. Por essa lógica, não haveria problemas se Serra ficasse estacionado nas pesquisas. Poderia reagir no final.
Para azar dos tucanos, não é bem assim que acontece na vida real. Já está instalado um clima de forte desânimo na campanha presidencial de Serra. Se ele não reagir nos próximos dez dias, deve acentuar-se o clima de "barata-voa", como se costuma dizer quando há debandada política. As dissidências aumentarão. O apoio nos Estados minguará ainda mais. Ficará quase inexequível deslanchar apenas na reta final.
No campo adversário, deve ocorrer o inverso. Com Serra estacionado, haverá injeção de ânimo na campanha de Ciro Gomes. Em resumo, o revés de um (Serra) será o sucesso do outro (Ciro) e vice-versa.
Na opinião das cúpulas de Ciro e de Lula, entretanto, é dado como natural que a propaganda de TV poderá, no mínimo, estancar a desidratação contínua de Serra. O publicitário Duda Mendonça, o guru de Lula, acha natural que o tucano suba para a casa dos 15% a 16%.
Todas essas dúvidas só serão dirimidas com as primeiras pesquisas do mês de setembro. Será o momento em que o efeito inicial da propaganda já estará decantado entre os eleitores. Será também a hora em que poderemos saber se Serra terá ou não chances de ir para o segundo turno.


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