São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2006

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Crescimento desigual

O DESEMPENHO da indústria brasileira tem-se revelado morno. Segundo o IBGE, no primeiro semestre a produção do setor industrial acumulou expansão de apenas 2,6%. Mais do que isso, chama a atenção o contraste entre o desempenho dos vários setores da indústria.
Estudo recente do BNDES explora esse aspecto ao assinalar que a expansão da indústria, de modo crescente desde 2004, vem-se baseando num número cada vez mais restrito de setores. Nos primeiros seis meses de 2006, apenas quatro setores, de um total de 27, responderam por 70% da expansão da produção industrial. Em grande número de setores, a produção caiu.
A ocorrência simultânea desses dois fenômenos é indicativa de que a indústria brasileira perde capacidade de operar como um sistema integrado.
Entre os setores que lideram o crescimento, dois lidam com recursos naturais (indústria extrativa e refino de petróleo e álcool) e outros dois apresentam alto conteúdo de insumos importados (máquinas para escritório e equipamentos de informática e máquinas e aparelhos elétricos). Há apenas dois anos, tais segmentos não tinham papel relevante na expansão industrial.
Os dados sugerem um processo incipiente de especialização, marcado pelo esgarçamento de cadeias industriais, como contrapartida do aumento da penetração dos insumos importados.
Vários fatores explicam essa especialização "passiva", que não resulta de escolhas predeterminadas: carga tributária, valorização do real e deficiências na infra-estrutura do país.
Tais determinantes expõem a nível indesejável de desgaste uma estrutura industrial relativamente complexa desenvolvida ao longo de décadas.


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