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Crescimento desigual
O DESEMPENHO da indústria
brasileira tem-se revelado
morno. Segundo o IBGE,
no primeiro semestre a produção do setor industrial acumulou
expansão de apenas 2,6%. Mais
do que isso, chama a atenção o
contraste entre o desempenho
dos vários setores da indústria.
Estudo recente do BNDES explora esse aspecto ao assinalar
que a expansão da indústria, de
modo crescente desde 2004,
vem-se baseando num número
cada vez mais restrito de setores.
Nos primeiros seis meses de
2006, apenas quatro setores, de
um total de 27, responderam por
70% da expansão da produção
industrial. Em grande número
de setores, a produção caiu.
A ocorrência simultânea desses dois fenômenos é indicativa
de que a indústria brasileira perde capacidade de operar como
um sistema integrado.
Entre os setores que lideram o
crescimento, dois lidam com recursos naturais (indústria extrativa e refino de petróleo e álcool)
e outros dois apresentam alto
conteúdo de insumos importados (máquinas para escritório e
equipamentos de informática e
máquinas e aparelhos elétricos).
Há apenas dois anos, tais segmentos não tinham papel relevante na expansão industrial.
Os dados sugerem um processo incipiente de especialização,
marcado pelo esgarçamento de
cadeias industriais, como contrapartida do aumento da penetração dos insumos importados.
Vários fatores explicam essa
especialização "passiva", que não
resulta de escolhas predeterminadas: carga tributária, valorização do real e deficiências na infra-estrutura do país.
Tais determinantes expõem a
nível indesejável de desgaste
uma estrutura industrial relativamente complexa desenvolvida
ao longo de décadas.
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