São Paulo, segunda-feira, 21 de agosto de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

Partidos atrasados

BRASÍLIA - Políticos ficam ou demonstram ficar surpresos com a aparente imutabilidade do quadro eleitoral a menos de dois meses do pleito.
Tucanos não se conformam com a dificuldade para Geraldo Alckmin decolar na campanha presidencial.
Petistas parecem atônitos com a incapacidade de Aloizio Mercadante de ser mais palatável na disputa pelo governo paulista.
Nesse cenário, surgem as mais diversas teorias. Fala-se sobre os comerciais de TV como se aí residissem todos os males e fórmulas de cura. Chegamos ao paroxismo da inexistência de ideologias com César Maia (PFL), em seu exótico boletim diário na internet, se esfalfando para dar conselhos a Heloísa Helena (PSOL). Tudo errado.
Se a democracia representativa veio mesmo para ficar no Brasil, os partidos precisam entender que o processo eleitoral é um movimento contínuo, longo. A disputa interpartidária deve ser explícita e limpa, com oportunidades (e riscos) para todos. No limite, mimetizando o liberalismo que supostamente deveria existir na economia.
Não há chance de vitória para a oposição quando o candidato só é escolhido no mês de abril do ano eleitoral. A nomeação pode até acontecer em abril, mas o processo deve ser deflagrado muito antes, com regras claras.
Geraldo Alckmin só virou candidato do PSDB porque usou o velho método malufo-quercista de aliciar os delegados em silêncio ao longo dos meses.
E o que dizer do PT quando Lula se aposentar? Alguém acredita que o PT fará, a partir de 2007, um processo aberto para escolher um candidato competitivo em 2010?
Quando vivem falando de reforma política, os partidos mascaram um problema: a falta de democracia interna e a pouca vontade que têm para promover a alternância entre suas diversas facções.


frodriguesbsb@uol.com.br

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