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FERNANDO RODRIGUES
Partidos atrasados
BRASÍLIA - Políticos ficam ou demonstram ficar surpresos com a
aparente imutabilidade do quadro
eleitoral a menos de dois meses do
pleito.
Tucanos não se conformam com
a dificuldade para Geraldo Alckmin
decolar na campanha presidencial.
Petistas parecem atônitos com a incapacidade de Aloizio Mercadante
de ser mais palatável na disputa pelo governo paulista.
Nesse cenário, surgem as mais diversas teorias. Fala-se sobre os comerciais de TV como se aí residissem todos os males e fórmulas de
cura. Chegamos ao paroxismo da
inexistência de ideologias com César Maia (PFL), em seu exótico boletim diário na internet, se esfalfando para dar conselhos a Heloísa Helena (PSOL). Tudo errado.
Se a democracia representativa
veio mesmo para ficar no Brasil, os
partidos precisam entender que o
processo eleitoral é um movimento
contínuo, longo. A disputa interpartidária deve ser explícita e limpa, com oportunidades (e riscos)
para todos. No limite, mimetizando
o liberalismo que supostamente deveria existir na economia.
Não há chance de vitória para a
oposição quando o candidato só é
escolhido no mês de abril do ano
eleitoral. A nomeação pode até
acontecer em abril, mas o processo
deve ser deflagrado muito antes,
com regras claras.
Geraldo Alckmin só virou candidato do PSDB porque usou o velho
método malufo-quercista de aliciar
os delegados em silêncio ao longo
dos meses.
E o que dizer do PT quando Lula
se aposentar? Alguém acredita que
o PT fará, a partir de 2007, um processo aberto para escolher um candidato competitivo em 2010?
Quando vivem falando de reforma política, os partidos mascaram
um problema: a falta de democracia
interna e a pouca vontade que têm
para promover a alternância entre
suas diversas facções.
frodriguesbsb@uol.com.br
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