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Editoriais
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Vexame total
SE UMA pizza se divide facilmente em dois sabores,
meia mozarela, meia napolitana, nem sempre é possível
posar de governo e oposição ao
mesmo tempo. Há ocasiões, como na fatídica sessão que mandou ao forno as acusações contra
José Sarney, em que ou bem o
político escolhe um lado -ou
bem um lado escolhe o político.
Marina Silva (AC) escolheu um
lado, e da mesma forma agiu o senador Flávio Arns (PR). Ambos
anunciaram a saída do Partido
dos Trabalhadores no dia em que
a legenda, qual um zumbi sob o
comando telepático do Palácio
do Planalto, foi o protagonista de
mais um vexame histórico.
Também tomaram posição
clara os três senadores petistas
que, com seu voto no Conselho
de Ética, sepultaram qualquer
esperança de investigação contra o presidente da Casa. Decerto
se esquivaram de microfones e
evitaram alarde. Cumpriram à
risca, entretanto, o seu papel no
pacto sinistro entre Lula, Sarney,
Collor e Renan Calheiros.
Já o líder do governo no Senado, o petista Aloizio Mercadante,
tentou manter um pé em cada
canoa e naufragou, com direito a
humilhações em série. Agora não
há quem se disponha a lançar-lhe um salva-vidas. Faz pantomima de vítima, pois enfrentará as
urnas no ano que vem, mas nada
do que fez ou deixou de fazer impediu, nem sequer dificultou, a
execução do desejo do presidente Lula de reforçar, sem importar-se com os meios, a sua aliança com oligarcas.
Difunde-se a versão de que "as
bases" petistas estariam furiosas
com o pragmatismo de cangaço
exibido nesta quarta-feira. Propaganda enganosa: as bases que
restaram ao Partido dos Trabalhadores estão todas abrigadas
nos escaninhos da máquina estatal e farão tudo para manter a
"boquinha" em 2010.
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