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EUA SURPREENDEM
Posições unilaterais por parte
dos EUA já não são uma novidade no âmbito das Nações Unidas.
Ainda assim, o governo do presidente George W. Bush está inovando ao
permitir que suas demandas unilaterais impeçam a aprovação de uma
medida que Washington apóia.
É o que está acontecendo com a
clonagem. A maioria dos países do
mundo parece disposta a aprovar um
documento que bana a clonagem
humana reprodutiva, isto é, que impeça a obtenção de bebês por técnicas de clonagem. Só que os EUA
querem incluir na proposta de resolução restrições também à chamada
clonagem terapêutica, isto é, à utilização de técnicas de clonagem para
obter células em princípio capazes
de proporcionar novos tratamentos
para uma série de moléstias.
A maioria das associações científicas do mundo e vários governos são
favoráveis a esse tipo de pesquisa. Ao
lado de Bush estão Espanha, Vaticano, Filipinas e algumas nações ultracatólicas da América Latina. Eles se
opõem à destruição de embriões para a obtenção das células-tronco, que
têm a capacidade de se converter em
todos os tipos de tecido.
É no mínimo inusitado que um
país se oponha à aprovação de uma
resolução com a qual concorda, como os EUA agora parecem fazer. Especialistas acreditam que, no afã de
incluir mais restrições à clonagem,
Washington acabe por comprometer ou pelo menos retardar a resolução contra a clonagem reprodutiva.
No caso particular dos EUA, a posição de Bush está longe de refletir um
consenso nacional. Ela parece antes
ser uma espécie de dívida de campanha que ele paga à direita religiosa.
Mesmo entre lideranças do Partido
Republicano é grande o número dos
que defendem as pesquisas com a
clonagem terapêutica. Ainda que o
atual governo consiga impedir por
algum tempo esse tipo de investigação, a Presidência de Bush não é eterna, e o lobby dos que defendem novos horizontes para a pesquisa médica só tende a crescer.
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