São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Acabou?

BRASÍLIA - Lula (PT) com 66% e Serra (PSDB) com 34% dos votos válidos indicam que a disputa presidencial está definida a favor do petista? Talvez, mas é necessário ressalvar que esta foi a eleição com mais altos e baixos depois que o Brasil retornou ao sistema democrático.
Nos últimos três dias voltaram com força os boatos de que haveria baixaria preparada para a fase final da campanha. Os petistas ficaram em pânico. Com razão. Tinham certeza de que poderiam ser alvejados por algum petardo de José Serra.
Tucanos negam com veemência essa estratégia. No olho do furacão da boataria, o presidente nacional do PT, José Dirceu, telefonou para FHC. Ataques pessoais obrigariam o PT a responder com dureza, disse Dirceu. FHC poderia ser o alvo.
A baixaria não apareceu. Tudo acabou em monocórdios discursos televisivos. Serra (5min30s) e Lula (7min40s) ocuparam grande parte de suas propagandas na TV ontem à noite. Um anulou o outro.
Lula apareceu primeiro. Falou de seus compromissos com a estabilidade. Serra veio depois. Tentou se diferenciar politicamente. Quis alertar o eleitor sobre as promessas que o petista faz e que poderão, na visão tucana, não ser cumpridas.
O efeito foi o de um candidato quase de situação (Lula) e outro se preparando para ser oposição (Serra). O clima era de jogo encerrado.
Se o cenário se mantiver, só haverá suspense no segundo turno das 14 disputas estaduais. O PT, nos Estados, está longe da vantagem folgada de Lula. Pode perder sua maior vitrine (Rio Grande do Sul) e não confirmar a arrancada em São Paulo.
O partido de Lula pode ficar com o Planalto e fora dos governos do Sul e do Sudeste. Em 94, FHC ganhou a Presidência e o PSDB levou Rio, São Paulo e Minas. Uma vitória petista terá um começo muito diferente do que foi a administração tucana.



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