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FERNANDO RODRIGUES
Acabou?
BRASÍLIA - Lula (PT) com 66% e Serra (PSDB) com 34% dos votos válidos
indicam que a disputa presidencial
está definida a favor do petista? Talvez, mas é necessário ressalvar que
esta foi a eleição com mais altos e
baixos depois que o Brasil retornou
ao sistema democrático.
Nos últimos três dias voltaram com
força os boatos de que haveria baixaria preparada para a fase final da
campanha. Os petistas ficaram em
pânico. Com razão. Tinham certeza
de que poderiam ser alvejados por algum petardo de José Serra.
Tucanos negam com veemência essa estratégia. No olho do furacão da
boataria, o presidente nacional do
PT, José Dirceu, telefonou para FHC.
Ataques pessoais obrigariam o PT a
responder com dureza, disse Dirceu.
FHC poderia ser o alvo.
A baixaria não apareceu. Tudo
acabou em monocórdios discursos televisivos. Serra (5min30s) e Lula
(7min40s) ocuparam grande parte de
suas propagandas na TV ontem à
noite. Um anulou o outro.
Lula apareceu primeiro. Falou de
seus compromissos com a estabilidade. Serra veio depois. Tentou se diferenciar politicamente. Quis alertar o
eleitor sobre as promessas que o petista faz e que poderão, na visão tucana,
não ser cumpridas.
O efeito foi o de um candidato quase de situação (Lula) e outro se preparando para ser oposição (Serra). O
clima era de jogo encerrado.
Se o cenário se mantiver, só haverá
suspense no segundo turno das 14 disputas estaduais. O PT, nos Estados,
está longe da vantagem folgada de
Lula. Pode perder sua maior vitrine
(Rio Grande do Sul) e não confirmar
a arrancada em São Paulo.
O partido de Lula pode ficar com o
Planalto e fora dos governos do Sul e
do Sudeste. Em 94, FHC ganhou a
Presidência e o PSDB levou Rio, São
Paulo e Minas. Uma vitória petista
terá um começo muito diferente do
que foi a administração tucana.
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