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CARLOS HEITOR CONY
Desculpa esfarrapada
RIO DE JANEIRO - Pode parecer coisa de mau pagador, e certamente o é.
Mesmo assim, pretendo me desculpar
de um erro involuntário que cometi e
que me valeu e-mails de protesto e
uma nota do "erramos" na página
aqui ao lado.
Deu-se que escrevi na Ilustrada, faz
algumas semanas, crônica em que
comemorava ao meu modo, e com
meu coração tricolor, o primeiro centenário do Fluminense, do qual sou
torcedor, "croce e delicia", como na
ópera de Verdi.
Disse eu que o Fluminense, tricampeão, em 36, 37 e 38, e bicampeão, em
40 e 41, poderia ter sido o único hexacampeão de futebol do Brasil. Interrompeu a série em 39, por causa da
Copa do Mundo de 39, quando seu time foi quase todo convocado para a
Taça Jules Rimet daquele ano.
Ledo e ivo engano aqui do cronista!
Outros clubes espalhados pelo território nacional também foram seis vezes
campeões. Acontece que, naquele
tempo, um torcedor do eixo Rio-São
Paulo não conhecia nenhum time de
outros Estados. Havia então o campeonato nacional entre as seleções estaduais e, invariavelmente, o campeão era o Rio ou São Paulo.
Não se conhecia o Internacional, o
Atlético, o Cruzeiro, o Grêmio, o XV
de Piracicaba, nem mesmo o Santos,
que somente ficou famoso na era de
Pelé.
As seleções estaduais revelavam os
craques dos times do interior de cada
Estado e eram verdadeiras potências.
O próprio Fluminense conseguiu a
façanha de ser quase seis vezes campeão porque Arnaldo Guinle, patrono do clube, contratou toda a seleção
paulista, onde brilhavam Romeu,
Batatais, Hércules e outros.
Como podem reparar, a desculpa é
esfarrapada, como todas as desculpas. Aqueles que protestaram contra
o cronista têm razão. Acontece que
nem mesmo eles deverão estar 100%
corretos, pois haverá time por aí, em
Desengano, Porciúncula ou São José
das Três Ilhas, que foi campeão dez,
15 vezes seguidas.
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